Será que entendem quando eu falo?
Já vão se cumprir cinco meses de minha estadia em Curitiba. Neste tempo eu achei que meu português tinha melhorado bastante, até algumas pessoas comentaram. Mas depois da quinta-feira passada, minha moral caiu ao fundo do poço.
Daí que me perguntei se os leitores de Curitibocas entendem quando eu falo, ou melhor, quando eu escrevo. Talvez meus textos dêem a impressão de estar escritos por uma analfabeta. Tomara que tenha um pouco mais de crédito.
A razão pela minha preocupação e frustração com meu conhecimento do português foi um diálogo surreal que teve no Museu Oscar Niemeyer. Passo a relatar.
Devido à visita da minha mãe, estou fazendo um roteiro turístico nas ruas de Curitiba. O Museu do Olho não podia faltar, então fomos. Entre as diversas exposições que visitamos, entramos em uma chamada Aladdin. Não é de Disney não. É do artista uruguaio Joaquín Torres Garcia.
Enquanto eu olhava as obras - parte das quais eram bonecos - um funcionário do museu foi me explicando algumas questões. O cara era muito claro e contava coisas muito interessantes. Por razões obvias, ele falava em português e logo eu explicava para minha mãe em espanhol. A primeira vez que aconteceu isso, o homem pareceu meio intrigado.
- São italianas?
- Não, argentinas
- Ahh...
Continuamos olhando os quadros e bonecos até que o cara se acercou novamente.
- São italianas? [sim, pela segunda vez]
- Não, argentinas.
- Mas falam italiano.
- Falamos em espanhol.
- Mas quando você fala comigo, fala em espanhol. E quando explica para ela, fala em argentino [se referia a um suposto "idioma" chamado argentino] que se parece com o italiano. O uruguaios falam mais parecido ao espanhol que vocês.
- Como assim mais parecido ao espanhol? Tanto os argentinos e uruguaios falamos em espanhol. Eu estou falando com você em português, ou pelo menos isso estou tentando. E depois falo com minha mãe em espanhol..
- Ahh mas eu entendo quando vocês falam. Quando vem gente de fora aqui ao museu, a gente entende. Vem de México e entendemos tudo [o cara achava que se tratava de mais outra língua].
- Claro, porque tem raízes parecidas. O português e o espanhol são línguas latinas.
- Também entendemos panamenho [idioma que ele pensa que se fala em Panamá]...
- Senhor, em toda Latinoamérica se fala a mesma língua: o espanhol. Não existe tal distinção. São só diferentes sotaques. Não existe o idioma argentino, panamenio nem uruguaio.
A situação foi surreal. Parecia um sem-sentido entre estranhos. Nem sei por que a conversa virou nesse tópico. Eu não entendia como uma pessoa podia ter tal confusão idiomática. "Os uruguaios falam mais espanhol que vocês". Que é isso? Ainda pior, o cara continuou sorrindo, feliz de ter conversado conosco. Eu tenho sérias dúvidas que tenha entendido algo sobre a língua espanhola.
Passei a tarde toda lembrando desse momento. Ri bastante, até que lembrei que o cara dizia que eu falava com ele em qualquer língua menos português. Aí me frustrei. Não sei que tão "aportunholada" é minha comunicação aqui. Será que os leitores conseguem me entender quando escrevo? Vocês dirão...
Um comentário:
Opa, desculpa Cecília, neste post do multiply achei que você era Ele, e não Ela, usarei este blog como referencia agora.
Um abraço e bom trabalho.
Nos esbarramos por ai.
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