sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Licenciada (!!!!)

A partir de hoje, 29 de fevereiro de 2008, sou Licenciada em Comunicação Social. Fiz o curso na Universidade Austral em Buenos Aires, no período 2004-2007.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Enfia a pirâmide

Devido a uma série de compromissos, deixei este blog às traças.

Hoje voltei para faculdade. Os posts tendem a rarear ainda mais.

Falamos de pirâmide invertida na aula. Estou no último período da faculdade.

Acho que no meu primeiro dia de aula nós falamos de pirâmide invertida. Aos que não são jornalistas, trata-se da técnica de escrever um texto partindo do que é mais importante.

Esse tópico se arrasta por quatro anos. É um parasita.

Depois o professor conduziu uma discussão sobre o porquê da mídia ser considerada o quarto poder. Outra discussão centenária.

Disse que todos os poderes são corruptos.

Benett sintetizou o que senti na Gazeta do Povo do último domingo:

Se o professor era ruim, os alunos foram piores. Aceitaram. Contra-argumentaram com mais senso-comum.

E recém começou o semestre.

Eu quero morrer.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Operação Buenos Aires

Ontem recebi uma caixa com 15 Curitibocas. Só tinha seis livros aqui e estava precisando de mais alguns pra começar à distribuição em livrarias portenhas. Aliás, a Boutique del Libro já aceitou a proposta de vendê-lo, mas pra isso, é necessário contar com exemplares. Daí que surgiu a idéia da Operação Buenos Aires.

Em janeiro, fiquei sabendo que minha tia ia viajar para São Paulo por dois dias. Alguns dias mais tarde, João comentou que também estaria nessa grande cidade na mesma semana. Fácil, pensei. João leva os livros, dá pra minha tia e ela traz pra mim. Só três passos e eu teria 15 exemplares na minha casa. Mas nada é fácil, todo mundo sabe disso. (Se meu post fosse um conto, este seria o climax)

Na quinta-feira pasada às 21h, no meio duma aula de narrativa, recebi uma ligação no meu celular.
- Hola, ¿Cecilia?
- Si. ¿Quién es?
- Soy Catriel.
- ¿Quién?
- No importa. Che, escuchá. João me dice por msn que lo llames o te conectes.

Neste momento, fiz a viagem mental de quanto tempo demoraria em chegar em casa. Para aqueles que estiveram em Buenos Aires, eu estava em San Telmo e moro em San Isidro. Impossível. Sair da aula às 22h, pegar o metrô, logo o trêm e finalmente um taxi, levaria pelo menos uma hora e meia.

- Catriel, decile a João que no puedo ahora. Estoy demasiado lejos de casa.
- Tá bien, le digo. Besos.

Voltei pra sala de aula muito nervosa. Devia ser algo importante para o João fazer alguém ligar pra mim. Uns minutos antes das dez fui falar com a secretária da Casa de Letras. Ela estava por desligar o computador mas consegui acessar meu email. O João não estava online. Aconteceu que no hotel em São Paulo não havia reserva com o nome da minha tia. Liguei pra ela, perguntei o que podia ter acontecido mas me deu os mesmos dados que passei a João. Nada pra fazer.

Cheguei na terminal de trem Retiro e fui num locutório. Gastei $0,89 pesos na tentativa de ligar pra João, mas não deu certo. Tive que esperar uns 50 minutos até chegar em casa, ligar pra o hotel dele e tentar resolver esta situação. Só consegui dar pra ele o nome de outra pessoa para tentar no hotel.

Não sei exatamente o que ele fez ou com quem falou. Mas no dia seguinte recebi um email que dizia: "Hice la entrega de los libros en el hotel. El error fue que registraran a tu tía como "Morna" [o nome dela é Norma]. Pero bien, todo resuelto."


Felizmente, ontem acabou a Operação Buenos Aires. Vamos ver como fazemos para próxima entrega. Pessoalmente seria mais divertido, mas duvido dessa opção.


>>> Convido ao João a contar sua versão desta história.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Polaróides (in)visíveis

Sabe de uma coisa? Eu sou um imbecil. Deixei passar uma muito boa que envolve o Curitibocas.

Como todos sabem (ou deveriam), Bruna Bazzo fez as belas fotos do livro. Só que um monte delas acabaram não sendo usadas na edição final. Uma das imagens do ensaio com a Didonet Thomaz teve um destino inusitado. Tirado do blog da nossa super Bruna Bazzo:

A exposição organizada por Tom Lisboa, começa hoje (17 de janeiro) a partir das 19:00 no Sesc - Água Verde, e segue até o dia 21 de fevereiro. São vários auto-retratos enquadrados no formato polaroide. Mais informações ou visualização da galeria virtual em: http://www.sintomnizado.com.br/polaroides_retratos

Didonet Thomaz em polaroides (in)visíveis por Bruna Bazzo
Ainda dá tempo de ver a exposição. Poderia até inventar uma gracinha com a exposição invisível demais para mim, mas resguardo minha cretinice. Estou assumidamente envergonhado pela comida de mosca.

Em breve postaremos mais Bruna Bazzo aqui no Blog do Curitibocas.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Johannes & Tim

Dado interessante divulgado em O Estado de S. Paulo deste sábado: 41% dos 875 milhões de consumidores de lojas virtuais compram mais livros do que qualquer outra coisa.

Leia a íntegra da matéria
Na internet, quem diria, o livro impresso é campeão de vendas.

O inventor da imprensa, Johannes Gutenberg e o criador da web, Tim Berners-Lee, fazem uma bela dupla, não? A aliança entre eles é viável. Comentei sobre isso quando expliquei sobre nossa revisora, a Rochele Totta. Em outra oportunidade no ensaio Blogs, intolerância e poder.

Aproveite o clima e compre o Curitibocas via internet!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

...mais assombração me aparece

Juliano:

joaozinho varella seu gauchinho homossexual dos inferno,
vc fala mal dos curitibocas por ser natural de uma cidadezinha do tamanho de um cu
alias sendo vc gaucho deveria pelo menos mentir e escrever q é de poa
guaiba existe no mapa? qdo o rio alaga tem telefone pra pedir socorro pra capital?
pois é incompreendido bambi, se nós curitibocas nao comprimentamos ninguem no elevador
é pq nao temos segundas intencoes de dar o toba, enquanto estamos dentro do mesmo
diferentemente de seus conterraneos q conhecidos, como povo hospitaleiro, adora hospedar um macho nas costas
era só o q continha
bjos juka

Achei engraçado.

Juliano:

vc quer me dar?
eu te xingo e vc me acha engraçado
vai pra la,
vai pra la
bjos juka

Respondo que morri de rir do fato dele me mandar "bjos", mesmo sendo da terra onde não se dá o "toba" (seja lá o que isso queira dizer).

Juliano:

joaozinho nao faça assim com o tio juka
vc so pode ta de sacanagem comigo
o sr. e um fanfarrao sr. joao
o sr. acha q pode escrever um ensaio sobre curitibocas
sendo o sr. natural da regiao mais " gozada " do pais
bjos juka
Peço para que pare com os "bjos", pois estava ficando encabulado.

Ok, apoio a crítica aberta, onde há a possibilidade de diálogo e contradição. Agora criticar título e capa é desperdício de energia. Sem contar que ele vai além e desce o tacape na minha cidade.

Não conheço o sujeito. Surgiu no meu Orkut dia 21/01. Quanto mais eu rezo...

Curitibocas não tem críticas

Curitibocas é um livro sem críticas. Tanto boas quanto ruins. Salvo por gentis e rigorosos e-mails que recebi, não houve sequer uma análise aberta e acessível a todos.

Ele está nas livrarias. Os principais meios e redações receberam uma cópia pelo menos. Aonde foi parar a crítica? "Sinal que é ruim", dirá o afoito leitor que lê este blog por masoquismo.

Não. Se fosse ruim, por favor, alguém diga que é ruim. Essa é mais ou menos aquela história do blog asqueroso, lembra? O silêncio não é só com o Curitibocas.

Andei cuidando os jornais. Temos o maravilhoso Rascunho, recomendado para iniciados. Nenhum jornalão paranaense tem um espaço para a discussão literária. Eles deveriam fazer a ponte entre o grande público e os livros. Mas não. Dedicam espaço a tentar acompanhar todos os acontecimentos culturais, sem se aprofundar em nada. Se um deles fosse assim, ok, compreensível. Tem gente que não tem pressa para ser informado em real time sobre as prévias (sim, essas são só as prévias) das eleições estadunidenses. Eu já disse aqui não ter pressa alguma. Incompreensível é nenhum concorrente ter se dado conta e tentado ir por um caminho diferente.

Honrosa exceção é o Caderno G da Gazeta do Povo. Publicam em média duas daquelas misturas de texto noticioso com crítica, o que não é ruim. Só pena que eles parecem ter predileção por gente de fora. Do país.

******
Sobre as notícias-críticas da Gazeta, lembro que eu comentei sobre isso em um curso na Argentina. Eles ficaram espantados com este novo gênero jornalístico. Correram atrás do sítio e adoraram. Eu apostaria que essa criação estilística se deve a contenção de despesas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Em todos

Responda rápido: qual o local público onde você encontra livros? Grandes são as chances de você ter respondido "biblioteca". O que não está errado. Pode melhorar.

Estava eu me recuperando de uma cirurgia de desvio de septo. Permaneci por longa hora desperto na enfermaria. Silêncio. Paredes brancas. Tudo muito sem graça. Não sei como esse ambiente pode ajudar um enfermo. Patch Adams, cara, você tem razão.

Era a hora perfeita para um bom livro. Não que fosse o meu caso especificamente - saí do hospital logo que me despertei, ainda meio tonto -, mas quantos pacientes ficam um tempão nessa condição?

E as delegacias? Parques? Terminais de ônibus? Ônibus? Cartórios? Museus? Por que só na biblioteca?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

E livros? Você lê livros?

Por mais esperanças que eu tivesse, sabia que teria que esperar antes da minha consulta. Apesar de minha pontualidade, o médico tinha um sala de espera. Este é o nome do cômodo e se um médico tem uma, pode ter certeza, ele usará. Para passar o tempo, muitos lêem as desatualizadas revistas. Ou melhor, fingem ler. Tenho a impressão que todos tentam adivinhar qual a doença da pessoa ao lado.

A mulher de meia-idade ao meu lado dava visíveis sinais de impaciência. Inflava suas magras bochechas e soltava o ar em um misto de suspiro e bufo. Folheava revistas sem nenhuma paciência, fazendo com que o som das páginas ecoasse por toda a silenciosa sala de espera.

Também agarrei uma. Perfil Náutico. Passei os olhos pela revista, para logo desistir dela. O tema da publicação tem pouco apelo para mim. Uma desatualizada edição de novembro então nem se fala. Puxei minha Piauí número 17 da bolsa.

Minha vizinha de espera lia comigo sem cerimônia. Ela puxou a conversa:

- Estudante de jornalismo... Gosta de ler?
Essa pergunta seria como perguntar para um estudante de educação física se ele gosta de esportes, mas tudo bem. Percebi que era só retórica, para puxar uma conversa. Ainda tenho um mínimo de trato com seres humanos, por mais que alguns não acreditem. A dedução dela foi graças a minha inseparável bolsa de lona da faculdade.

Respondi que sim. Minha interlocutora disse que adorava ler os clássicos. "Não trocaria milhões de dólares pela minha biblioteca", relatou. Atualmente lia uma biografia da família real portuguesa. Parecia realmente gostar de livros. Havia chegado a minha vez de responder o que lia:

- Ah, eu leio todos os dias o jornal, revistas, como a Piauí aqui e... tudo bem?
Enquanto falava, fazia expressões de quem havia recém se dado conta que meu desodorante estava vencido. Não era o caso. Parecia um indisfarçável desgosto por jornais e revistas. Se eu dissesse que leio blogs de vez em quando, acho que levava uma cusparada.

- E livros? Você lê livros?
- Ah, também todos os dias. Não consigo pregar o olho sem ler uma frase. Inclusive escrevi um - remexia na minha bolsa em busca de um marcador de páginas. Sim, eu ando com marca-páginas do Curitibocas. Nunca se sabe quando surgirá uma oportunidade de fazer propaganda.

- Ninguém consegue ler concentrado antes de dormir.
- Sim, sim, mas... - seguia remexendo na minha bolsa. Não consigo conversar e encontrar um objeto na bolsa ao mesmo tempo. Sou imperfeito. Priorizo marketing a uma discussão na porta de um consultório.

Sacralizar a leitura com um objeto certo, um momento certo e um método certo para ler é bobagem. Emprego aqui "leitura" no sentido amplo. Lê quem ouve música com atenção ou observa uma obra com cuidado. Desde que exista uma reflexão além da simples absorção do conhecimento/informação, já há um ato de leitura. O suporte livro é maravilhoso. CDs, DVDs, telas, gibis, LP, entre outros, também.

O fetiche dos livros se estabelece até na ciência. É comum os institutos de pesquisa mensurarem a cultura de uma região de acordo com a quantidade de livros lido anualmente per capita. Esse tipo de pesquisa é importante demais para ser analisada em módulo.

Aí vem aquelas fotos de revistas e jornais com o suposto pensador a frente de uma estante cheia de livros. Ou o que dizer dos psicólogos e advogados, que adoram deixar à mostra sua vasta carga intelectual em seus locais de trabalho. Convenhamos, não precisa ser intelectual de mídia, nem advogado ou psicólogo para ter um monte de livros enjaulados.

Até entendo se for um livro de consulta. Mas manter a "Revolução dos Bichos" encalacrada na estante é um crime. Acredite, se você reler o livro, o porco Napoleão terminará como o dono do granja. De novo. Aplausos para os que enxergam a bobagem do aforismo "empresto tudo, menos mulher e livro".

O médico me chamou. Não tive oportunidade de dizer tudo isso na hora. Só tive tempo de dar um marcador e recomendar (com total isenção) a leitura do extraordinário Curitibocas - Diálogos Urbanos.

*****
Tenho a esperança que o marcador de páginas desperte a curiosidade dela. Quem sabe ela entra no Google e digita "Curitibocas". Se você estiver lendo isso, por favor, não se sinta intimidada pela minha curiosidade em relação ao que te levou ao médico. Só mandar um e-mail que este será um segredo nosso.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Mais leitura por mail

Para aqueles que reclamavam da pouca variedade de livros do Leituradiaria.com, eis que encontro o Daylit. Basicamente o mesmo serviço. Só que em inglês e com mais títulos. A imensa maioria de graça.

Para quem está boiando, o assunto aqui é leitura de livros por e-mail, conforme apresentado aqui.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Eu, jornalista, assessor e escritor

- Sou o editor-chefe. Por incrível que pareça - anunciei para um casal de amigos sentados comigo em um café. Elaine sorriu, tocou a capa da revista e se encostou na cadeira. Wagner olhou a revista, olhou para mim e deu um sorriso fino em minha direção.

- Então tu não é editor-chefe coisa nenhuma - replicou, fazendo com que eu quase engasgasse com o café -. O que há de tão incrível nisso?

Havia agregado a expressão "incrível", que tinha o mesmo significado de "acredite se quiser", para amenizar. Afinal, eu era um estudante de terceiro ano de jornalismo. E a revista na qual eu me apresentava como editor-chefe tinha acabamento de luxo, capa com modelos esculturais e envernizada, diagramação ousada, mais de cem páginas com lombada quadrada. Um produto absolutamente fora da realidade para um estudante de jornalismo trabalhar. Ainda mais comandar o conteúdo.

Em um momento mais oportuno, explicarei o que era a revista Inédita!. Por enquanto, nos interessa a lição da dupla Wagner Schlichting e Elaine Borges. A dupla me convenceu do seguinte: se tu é alguma coisa, é e ponto final. Se foi por mérito, herança, nepotismo, graça divina, isso ninguém perguntou. Eles têm muita razão. Hoje, por exemplo, não tenho vergonha de dizer que sou escritor, jornalista e assessor de imprensa - este quando necessário. A Cecilia também é.

*****
Toda essa historinha à la Dona Benta pós-moderna para afirmar que eu tenho condições de escrever sobre como fazer um trabalho de assessoria de imprensa. Trabalho diretamente com isso - de um lado ou outro do balcão - há cinco anos. Repassar um passo-a-passo básico aqui no blog não é nada demais.

Tenho certeza que se não fossem as conversas com o Wagner e a Elaine - e muitos outros que sempre ensinam algo -, jamais teria coragem de dar conselhos do metier sem antes ter o diploma. Como se depois do baile de formatura eu ficasse mais sábio de um dia para o outro. Provavelmente eu estarei de ressaca no dia seguinte ao baile. E isso é tudo.

Sei que sou jornalista. Sob contrato de estágio, graças ao protecionismo de mercado imposto pelo sindicato. Aliás, bastante conveniente para as empresas de comunicação. Em todas as 13 redações que trabalhei fui cobrado para render como um profissional, ganhando geralmente 1/4 do que ganha um funcionário com carteira assinada. Sem contar FGTS, décimo terceiro e férias. E aquela história de um tutor, responsável por ensinar tudo na empresa e se preocupar com seu desempenho na faculdade? Pode até dar certo na primeira semana. Depois, meu amigo, segure-se. Não existe justa causa em estágios.

E, sim, somos escritores.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Como divulgar seu trabalho na imprensa - parte II

Retomo de onde parei.

Passo 3: Disparo
É a parte de enviar o mail com o release para a imprensa. Depois de escrever o release e catar todos os endereços, parece o mais barbada. Só que alguns cuidados devem ser tomados aqui.

  • Use um tamanho de fonte para o título e outra para o texto. Fim de papo. Nada de fazer uma miscelânea de fontes e efeitos para destacar certas partes do release. Já recebi cada coisa...
  • Mande o texto no corpo do e-mail e, se quiser, também anexo em um arquivo .doc ou .rts. Se quiser.
  • Fotos em anexo mesmo. De preferência em baixa resolução, para não pesar na caixa de entrada do jornalista. Disponha-se a enviar mais fotos e em alta, se necessário.
  • Coloque o seu mailing com cópia oculta. Evite lembrar ao jornalista que essa informação está sendo distribuída para todos. Gostamos de exclusividade. Ou, pelo menos, não gostamos de ser lembrados da falta dela.
Passo 4: Follow
Agora chega uma parte delicada. Faz parte da liturgia das assessorias de imprensa chamar os jornalistas um tempo depois do envio do release. A desculpa é para averiguar se realmente chegou o e-mail. Bah, a real ambas as partes sabem: é para reforçar o assunto na cabeça do jornalista e dar aquela insistida. "Viu como é legal o tal tal tal?". Todos nesse ramo já usam e-mail a tempo suficiente para saber que quando uma mensagem não chega vem um aviso de System Delivery Failure e seus variantes.
Acho que uma maneira honesta de fazer o follow é ligar e dizer:
- O fulano, eu acabei de te enviar um mail com o assunto tal, recebeu? Certo, só quero me colocar a tua disposição caso tenha alguma dúvida.
Nessa hora também tem muito do feeling. Se sentir que o cara está apurado, diga tchau o mais breve possível. Se o jornalista dá abertura para falar mais, mete ficha. Adriane Perin, repórter de cultura do Jornal do Estado, aproveitou meu follow para fazer uma entrevista e fechar esta matéria aqui.

Passo 5: Disponibilidade
Se fosse enumerar as práticas que eu mais detesto nas assessorias de imprensa profissionais, a número um com toda a certeza seria a mediação. Explico com um exemplo.
Recebi um release de uma grande franchise de cursinho pré-vestibular e seus resultados do vestibular da UFPR. Comprei a idéia. Queria produzir uma matéria com uma menina que tinha passado no vestibular depois de sacrifícios. Ligo para a assessoria e peço o telefone da tal menina. Não me passaram. Por mais que eu insistisse, eles queriam ligar, marcar o horário para a repórter se encontrar com a personagem e depois me ligar avisando. Aí de repente eu tinha que mudar tudo e lá vai o assessor outra vez ligar para a personagem. Um meio-de-campo bastante inútil e que só deixou o meu trabalho mais lento.
Não vejo outra explicação para essa prática se não aquela do "mostrar serviço".
Por um lado, até entendo as assessorias. Um serviço desses não é tão fácil explicar como o de um motoboy (que faz entrega ligeiro) ou de um técnico em informática (que conserta micros). Mas daí a empatar o jogo...
Enfim, meu conselho aqui se resume em dar todos os telefones que o jornalista achar necessário. Isso foi bastante útil no Curitibocas, que envolveu no mínimo 20 colaboradores se contarmos os entrevistados.

Passo 6: Sem vergonha
Última observação: no Curitibocas, não sofremos nenhum tipo de preconceito por sermos estudantes fazendo todo esse trabalho. Sim, a maioria dos que enviam mensagens para a imprensa são as assessorias ditas profissionais - não raro com trabalhos bastante amadores.
Às vezes parece que as redações são espaços herméticos, acessíveis para poucos. Não é bem assim. Pelo menos, não deveria ser. Mas isso é papo para outro momento.

*****
Bom, acho que eram esses os conselhos básicos para começar um trabalho de assessoria do próprio trabalho. Tenho certeza que se um assessor ler, vai achar que estou desprestigiando o trabalho, que não é bem assim, que tem mais um monte de coisa, verificar os resultados e blá blá blá. Não dê bola para eles e vá em frente com o seu trabalho. Se ele merecer, vai ganhar um destaque legal. E isso é mais importante do que todos esses passos.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Parada de emergência nos posts sobre como atrair a atenção da mídia. Olha o que saiu na coluna da Bia Abramo, caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de hoje:

Pérolas, porcos e patetas

"GRAÇAS A Deus, nunca fui de ler livro." A frase, definitiva, é de uma das ilustres celebridades criadas no laboratório do "BBB", um tal de Fernando. É má política ficar indignado com aquilo que já sabemos não ser digno de atenção, mas, ainda assim, por vezes a estupidez dá tais sustos na gente que é difícil ficar impassível.
Neste caso, o mais intrigante não é, evidentemente, o fato de o moço não ser de "ler livros". A cultura escrita não goza lá de muito prestígio entre nós, brasileiros, falando de maneira bem genérica. Se consideramos o microcosmo do "BBB" -gente jovem, considerada bonita, com pendores exibicionistas, ambição de se tornar celebridade e propensa a ganhar dinheiro fácil-, o índice deve tender a quase zero.
O mais revelador é o alívio com que ele se expressa, como a dizer: "Graças a Deus não fui amaldiçoado com essa estranhíssima vontade, esse gosto bizarro, esse defeito de caráter". Qual é, exatamente, a ameaça que se pensa haver nos livros, ficamos sem saber, mas o temor de pertencer ao esquisito grupo daqueles que "são de ler livro" fala por si só.
Por outro lado, é nesses momentos de espontaneidade real que o "BBB" tem algum interesse. Embora aqueles que chegaram ao programa não sejam, a rigor, representativos de nada, nessas brechas escapa o que vai na cabeça dessas moças e rapazes, de certa forma parecidos com os que estão do lado de fora.
O desprestígio do conhecimento letrado é marca funda da sociedade brasileira -e quando é formulado com tanta veemência e clareza, é preciso prestar atenção.


Enquanto isso, na universidade de Aguinaldo Silva, o pau come. Na novela "Duas Caras", a instituição de ensino é palco de uma luta renhida entre aqueles que "querem estudar" -para vencer na vida, não mais do que isso; estudar aqui tem um valor de troca muito claro- e o bando de baderneiros e oportunistas, identificados como "de esquerda", que querem tumultuar o projeto "eficiente" do reitor, um ex-militante convertido ao ensino privado.
Todos estudam lá -as mulatas sestrosas da favela, as patricinhas do condomínio, a mulher adulta que volta à sala de aula. Só não se sabe, ao certo, o que se estuda -embora haja gente empunhando livros e cadernos, não há uma indicação sequer (nem nos diálogos, nem nas trajetórias dos personagens) de que, em uma universidade, ao contrário dos shoppings do ensino, deva se produzir conhecimento e que o conhecimento de verdade é transformador. Justamente o que deve temer o "brother" Fernando.

Original aqui (assinantes).


Detesto dar uma de papagaio, mas a análise de Abramo dispensa maiores réplicas.

O pior é que todos nós sabemos que o rapaz ainda aparecerá bastante por aí depois que o programa terminar. Os Brothers dão audiência. Quando enjoamos deles, já vem outra temporada e renova o chorume midiático.

A própria Folha reconhece que a capacidade deles atraírem público. Desde a última reforma do layout da Folha Online, as fofocas e inutilidades ganharam lugar de destaque na parte superior esqueda. No momento em que escrevo este post, a foto abaixo era destaque, logo depois da notícia "Egito fecha passagem fronteiriça de Rafah após acordo com o Hamas".
6 "BBBs" perdem prova e comida

Não precisa ser o webmaster para saber qual ganhou mais clicks.

Outra hora eu sigo com os toques para divulgação na imprensa.


Edit: cagada minha. Não salvei a foto do maravilha do BBB e sumiu do link. Bem, tente imaginar a foto de um cara fazendo biquinho logo acima de "BBBs perdem prova e comida" =P

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Como divulgar seu trabalho na imprensa

Um elemento eu acreditava que não chamaria a atenção: a divulgação do Curitibocas. Achava que isso passaria despercebido pela maioria. Afinal, um leitor que viu o livro na Gazeta do Povo, não viu necessariamente no Jornal do Estado ou no Estado do Paraná, logo não teria como chegar a essa conclusão sobre nosso trabalho. Acho que a tag repercussão deu um help para perceber que chegamos a alguns dos principais meios da cidade.

Motivado pelo fato de que o Blog do Curitibocas é freqüentado por muita gente com projetos excelentes, reproduzo aqui um guia básico do trabalho de assessoria de imprensa. Dedicado especialmente para o povo com uma grande idéia na cabeça e nenhuma noção de como atrair a atenção da imprensa.

Ah, tudo aqui descrito é baseado no que sei de assessoria de imprensa e mídia de Curitiba. Talvez a lógica em outras cidades não seja a mesma.

Passo 1: escreva um release
Release ou press-release é um texto feito especialmente para comunicar a imprensa sobre uma notícia. Geralmente ele serve como uma sugestão de pauta para o meio se interessar e fazer uma notícia. Uma mostra grátis. Porém, sejamos realistas. Aqui no Paraná grande parte da imprensa simplesmente reescreve os releases e publica assim mesmo. Ou diretamente copia e cola. Com isso temos um dilema. É melhor escrever algo para ser diretamente publicado ou que sirva para despertar o interesse do jornalista?

Passo 1a: escrever para ser publicado
Um texto publicado ou lido por um repórter de rádio já deve pensar no público-alvo, ou seja, os receptores do tal veículo. Por isso se o veículo costuma reproduzir os releases de maneira direta, faça um texto bacanudo. Isso geralmente acontece nos meios menores. Redações pequenas como a do Correio Paranaense diretamente copia e cola o que recebe.

Passo 1b: escrever para despertar o interesse
Jornalista fica inibido ao ver alguém fazendo um trabalho criativo. Ou seja, se o cara recebeu um belo texto do release e percebe que jamais escreveria algo assim, ele trava. Sério. Então para os grandes, monte um texto claro, com as informações mais importantes no começo (isso é conhecido como pirâmide invertida no jornalismo) e sem muitos adjetivos. Dá para saber quem são os grandes de Curitiba não? Uma dica então: os veículos da RPC, Grupo J. Malucelli, RIC e GPP têm plenas condições de destacar um repórter para fazer de seu release uma matéria.

Passo 2: Mailing da imprensa
Este é um nome pomposo para designar os endereços de e-mail da imprensa. No caso de um livro, convém ter o endereço dos cadernos de cultura e seus respectivos editores. Sites como o Comunique-se e Maxpress disponibilizam mailing atualizado mediante pagamento. Nós fizemos tudo artesanalmente. Simplesmente ligamos para as redações e pedimos o endereço. Para esse tipo de ligação, os jornalistas não se importam muito em atender. Eles não mordem, acredite.

Esse post está ficando quilométrico. E eu cansado. No próximo a gente segue, ok?
A seguir, cenas do próximo post.
Passo 3: Disparo
Passo 4: Follow
Passo 5: Disponibilidade