terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Eu, jornalista, assessor e escritor

- Sou o editor-chefe. Por incrível que pareça - anunciei para um casal de amigos sentados comigo em um café. Elaine sorriu, tocou a capa da revista e se encostou na cadeira. Wagner olhou a revista, olhou para mim e deu um sorriso fino em minha direção.

- Então tu não é editor-chefe coisa nenhuma - replicou, fazendo com que eu quase engasgasse com o café -. O que há de tão incrível nisso?

Havia agregado a expressão "incrível", que tinha o mesmo significado de "acredite se quiser", para amenizar. Afinal, eu era um estudante de terceiro ano de jornalismo. E a revista na qual eu me apresentava como editor-chefe tinha acabamento de luxo, capa com modelos esculturais e envernizada, diagramação ousada, mais de cem páginas com lombada quadrada. Um produto absolutamente fora da realidade para um estudante de jornalismo trabalhar. Ainda mais comandar o conteúdo.

Em um momento mais oportuno, explicarei o que era a revista Inédita!. Por enquanto, nos interessa a lição da dupla Wagner Schlichting e Elaine Borges. A dupla me convenceu do seguinte: se tu é alguma coisa, é e ponto final. Se foi por mérito, herança, nepotismo, graça divina, isso ninguém perguntou. Eles têm muita razão. Hoje, por exemplo, não tenho vergonha de dizer que sou escritor, jornalista e assessor de imprensa - este quando necessário. A Cecilia também é.

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Toda essa historinha à la Dona Benta pós-moderna para afirmar que eu tenho condições de escrever sobre como fazer um trabalho de assessoria de imprensa. Trabalho diretamente com isso - de um lado ou outro do balcão - há cinco anos. Repassar um passo-a-passo básico aqui no blog não é nada demais.

Tenho certeza que se não fossem as conversas com o Wagner e a Elaine - e muitos outros que sempre ensinam algo -, jamais teria coragem de dar conselhos do metier sem antes ter o diploma. Como se depois do baile de formatura eu ficasse mais sábio de um dia para o outro. Provavelmente eu estarei de ressaca no dia seguinte ao baile. E isso é tudo.

Sei que sou jornalista. Sob contrato de estágio, graças ao protecionismo de mercado imposto pelo sindicato. Aliás, bastante conveniente para as empresas de comunicação. Em todas as 13 redações que trabalhei fui cobrado para render como um profissional, ganhando geralmente 1/4 do que ganha um funcionário com carteira assinada. Sem contar FGTS, décimo terceiro e férias. E aquela história de um tutor, responsável por ensinar tudo na empresa e se preocupar com seu desempenho na faculdade? Pode até dar certo na primeira semana. Depois, meu amigo, segure-se. Não existe justa causa em estágios.

E, sim, somos escritores.

Um comentário:

Mauren Morena disse...

Bah, Tchê!
É isso aí meu guri...Por isso tenho tanto orgulho de ti. Tu escreves que é uma babaridade tchê.