sábado, 30 de junho de 2007

Que bom que somos dois...

Logo de tanto estudo do mercado das editoras, acho que as possibilidades que temos são basicamente três.

1. Ir para uma editora à qual se paga, e eles se encarregam de fazer a diagramação, distribuição, etc...

2. Esperar. Muitas editoras dizeram que iriam demorar entre três meses e um ano em avaliar o projeto.

3. Jogar as regras das grandes editoras de Curitiba. Quer dizer, conseguir patrocínio e elas fazem o resto.

Ainda não decidimos qual caminho tomaremos. Como transmitido nos últimos posts, a fase final do livro está bem difícil. Mas não por isso desistimos. Frente à frustração do João, eu propus mais um pouco de otimismo. Para isso somos dois neste projeto, se um cai, o outro o levanta. Isto seguirá assim até ter o livro impresso.

Frustração

Confesso que se soubesse que passaria por esta angústia, nem teria começado o livro. Em nossa quixotesca missão, nos baseamos no seguinte silogismo:
- Editoras querem vender.
- Editoras lançam muito lixo que acaba encalhando.
- Curitibocas tem uma proposta comercial de razoável para boa.
- Logo, Curitibocas será muito bem aceito.

Como o leitor que acompanha este blog já sabe, nosso raciocínio esbarra na alegada crise financeira de todas as editoras - que eu faço uma livre tradução para falta de coragem e ousadia. Isso que no começo pensávamos "ah, mas se a editora X e Y entrarem na jogada, vai ser difícil escolher". Nem X, nem Y. Ou melhor, entram se tiverem garantias que não perderão dinheiro. Capitalismo não é vocação deste país-colônia.

Perdão pelo tom pessimista destes últimos posts - pouco a ver com o clima deste sítio. Me desculpe, leitor. Não dá para segurar.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Quem aparecerá agora na Mearim Motos?

No case de marketing que pode vir a inspirar o Curitibocas, já apareceram o Hulk, He-Man e Esqueleto. Quem aparecerá agora na Mearim Motos?

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Risco Zero

O projeto Curitibocas foi um tremendo risco. Investimos umsemestre inteiro na produção deste livro. Parei qualquer atividade remunerada. Graças as economias que trouxe dos Estados Unidos, tive condição focar 100% no livro.

Infelizmente está difícil encontrar uma contrapartida semelhante por parte das editoras. Todas que lêem o livro se dizem interessadas, que acharam maravilhoso o projeto e tiram uma e outra flor. Nos finalmentes, tiram o time de campo. Imprimem o livro com o maior prazer se arranjarmos um patrocinador.

Quer dizer, se o livro encalhar tudo bem, quem cobriu os custos foi um terceiro. Se vender bem, ótimo, lucro com uma margem interessante.

Só pedimos uma condição: que chegue nas livrarias. Se a tiragem for de 50 livros, eu não me importo, tenho fé que se esgotarão rápido. Marketing, ISBN, diagramação, arte da capa, revisão pode deixar comigo e meus contatos.

Será que não encontraremos ninguém disposto a arriscar como nós? Alguém que queira arriscar na pequena margem de imprimir e distribuir?

Outro da Mearim

Devido ao grande sucesso, aí vai outro video da Mearim Motos


Livro que influenciou Curitibocas (ou não) 5

Curitiba nas curvas do tempo (Anthony Leahy)

Os quatro posts anteriores desta sequência foram escritos pelo João. Esta é minha vez.

Antes de vir para Curitiba trouxe um livro que me deram de presente em outubro. Não sei por que esqueci de ler-lo. Ontem eu descobri que o autor era o já citado Anthony Leahy.

É um livro curto, de umas 60 páginas, que conta a história e evolução de Curitiba. Seguindo uma linha cronológica, mesmo tendo algumas idas e voltas, é interessante descobrir como foi constituída a capital paranaense. O suporte fotográfico ajuda a entender melhor os fatos históricos.

Tem várias curiosidades que eu desconhecia. Uma delas é o nome da revista O Sapo, fundada em 1898, que parece que foi escolhido em referência à enorme quantidade de sapos em Curitiba. Extranho, eu não vi um sapo desde que cheguei aqui.

De leitura rápida, "Curitiba nas curvas do tempo" é uma boa viagem pelos diversos fatos que formam parte da história de Curitiba.


* Anthony Leahy é Diretor-Editor do Instituto Memória e atualmente trabalha na Editora Juruá.

Mearim Motos, um case de marketing

Na conversa no Guffo, tratamos de publicidade e marketing do livro. Nem temos livro ainda, mas nos divertimos pensando no que fazer depois da crucial impressão e distribuição.

Segue um exemplo de publicidade televisiva muito efetiva, que de repente pode ser usada de inspiração.

Paciência em primeiro lugar

Na procura de editoras em Curitiba, encontramos algumas de grande e médio porte, por exemplo a Juruá Editora, Travessa dos Editores, Criar Edições e Bolsa Nacional do Livro, entre outras. Mas também há outras que, mesmo sem ter atingido ainda o status das primeiras, tem uma atividade constante em relação à publicação de livros.

Ontem fui à sede da Editora Sagaz, em Capão Razo. O diretor e escritor, Luiz Rorato, me recebeu para falar sobre a possibilidade de editar o livro com ele. Me explicou que a editora não tem a estrutura para bancar os livros sozinha, mas que por meio de eventos e outras ações que estão fazendo, no futuro terá.

Por enquanto, sua proposta foi a de conseguir um patrocinador e publicar nosso livro. Para uma tiragem de mil livros, o custo seria de aproximadamente R$12, o que daria um preço de capa de entre R$30 e R$40. Ele já tem contato direto com algumas empresas que tem patrocinado vários projetos mas é uma questão de paciência. O processo demora tempo, especialmente por o tema de desconto fiscal.

Ainda não decidimos nada, mas sabemos que temos possibilidade com esta editora. Paciência, só precisamos ter paciência.

Luiz Rorato tem iniciativa e transmite paixão pela produção de cultura, neste caso de livros. Até foi xingado na rua por ser muito sonhador e idealista. Cosa absurda. Mas isso não fez ele parar. Continua escrevendo e publicando. Nestes dias de incertidumbre ao respeito das editoras, é bom receber este tipo de incentivo para nosso projeto.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Sem medo das nossas diferenças

Tem dias que a criatividade dá resultados realmente produtivos. Hoje foi um desses, em que pensamos o que fazer para o sucesso do livro. As projeções são para logo de ser publicado, mas é interessante ir aprontando a questão.

A frase "Somos diferentes" aparece bastante em nossas conversas. Mesmo tendo motivações parecidas e uma paixão bem grande para o trabalho bem feito, às vezes nosso modus operandi é oposto. Estas diferenças foram evidentes na última conversa que tivemos sobre o livro (só para fechar a jornada, somos um pouco mono-temáticos e falamos bastante do projeto).

A dúvida é algo que me caracteriza. E a determinação é própria do João. Porém, debater sobre os passos a seguir resulta automático. Entre bocado e bocado de umas deliciosas batatas suizas do Guffo Bar, fomos botando na mesa idéias sobre como divulgar o nosso projeto.

No final da noite, delineamos algumas ações bem interessantes para o sucesso do Curitibocas - Diálogos Urbanos. Aliás, deu uma esperança para o futuro deste blog. Sem muita certeza, tínhamos pensado parar de atualizar-lo enquanto publicássemos o livro. As projeções deram mais razões para continuar escrevendo neste espaço virtual. Só resta dizer, fiquem ligados porque o projeto ainda está começando.

Livro que influenciou Curitibocas (ou não) 4

O Brasil de Juscelino Kubitschek (Lucas Rodrigues da Motta Pires)

Sem revelações reveladoras ou inovações inovadoras. Só uma boa síntese do estadista mais admirado da história do Brasil. O autor parece meio fã também.

Texto bem leve. Li em um dia.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Cadê as editoras?

Mais uma vez, Google deu a resposta procurada. Obviamente foi o primeiro lugar aonde começamos a pesquisa de editoras. Mas me surpreendeu encontrar sites até mais úteis do que esperava.

Colocando "editora" como palavra chave, cheguei a páginas que não só dão as informações básicas (endereço, site, telefone, e-mail) mas que também oferecem uma mini descrição do que a editora publica. Um exemplo:

Cortez Rua Bartira, 317, Perdizes CEP 05009-000 - São Paulo - SP Tel: (0**11 3864-0404 Fax: (0**11) 3864-4290 e-mail: info@cortezeditora.com.br Gêneros de obras publicadas: textos nas áreas de educação, serviço social, ciências sociais, ciências ambientais, fonoaudiologia, lingüística, psicologia, saúde e enfermagem.
Recebe originais, envia resposta, mas a editora prefere que o primeiro contato seja por telefone: (0**11) 3864-0111. Falar com Elaine Nunes.
Fonte: http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/serautedit.htm

Com esta valiosa ferramenta, consegui entrar em contato com várias editoras que se encaixam com nossa proposta. Ainda estou aguardando a resposta de várias, mas já recebi avaliações positivas e negativas do projeto. Por enquanto, estou ignorando as que oferecem "Publique seu próprio livro", já que implicam o custo por parte do autor. Mas quem sabe, daqui a um tempo talvez...

Vai pelo QI e Sou POP

Próxima etapa, enviar para os autores das editoras. Rogério Pereira, editor do jornal literário Rascunho deu a letra. Mais fácil que chegar no editor é fazer lobby com autores. Right.

Próxima etapa: autores consagrados lendo o livro.

De boa, estou desgastado com essa angustiante etapa. Quero que esse livro saia logo. Essa espera está me matando. Liguei para o Rogério em total desespero =P

*****
Com os trabalhos do livro encerrado, fui para um novo emprego. Agora entrei na equipe de conteúdo do portal POP.

Uma nova etapa.

domingo, 24 de junho de 2007

Brainstorming no café

Acabamos de voltar de um bom e produtivo bate-papo com o Sr. Jean Pecharki. Café, Coca-Cola e Chocolate quente serveram de combustivel para nossa criatividade.

O tema principal foi definir as pautas para a diagramação e a capa do livro. A primeira questão é a mais fácil. Diagramação do livro não tem muito segredo. Agora, para a capa vamos ter que trabalhar mais um pouco.

Tendo como premisa que muitas pessoas compram um livro pela estética da capa mais do que o conteúdo, o brainstorming tentou fugir do cliché e fazer uma proposta atraente e coerente com o que escrevemos.

Por enquanto vamos trabalhar com três idéias que achamos interessantes. Daqui a pouco, mais novidades.

Celular resolve problemas que não existem


Uma grata surpresa no ritual dominical de leitura da Gazeta do Povo. O repórter de economia Fernando Jasper escreveu sobre sua vida sem celular no texto A falta que ele não faz (para assinantes). Assim como ele, não uso celular.

Ponto-chave que Jasper tocou em seu artigo é quanto a pontualidade. É vero, quem não tem celular se obriga a ser pontual dada a dificuldade de desmarcar compromissos em cima da hora. Alguns dos nossos entrevistados pareciam surpresos em ver que realmente comparecemos ao encontro marcado com dias de antecedência, sem atraso e sem aquela "ligadinha para confirmar".

Minha resistência com relação ao celular primeiro vem da impressão de se tratar de um aparelho caro. Prova disso são os celulares gratuitos. Nenhuma empresa séria no mundo de hoje faz isso sem ter uma boa dose de lucro por trás. As ligações - que acredito ainda serem o principal uso do celular - devem compensar a "bondade".

Outro ponto é a complicação dos planos. Use 100 minutos por X para celulares da empresa tal, Y para da outra, X-Y=W se ligar para fixos locais, 2X.7K para fixos de cidades do interior, 3X para celulares de fora do estado... sério, é muita zona para um simples ato de ligar. Isso que nem mencionei quando o celular está em outro lugar. Muda tudo de novo. Segundo o que vejo no marketing das empresas, os planos mudam de semana em semana. De boa, o orelhão é bem simples.

E por último tenho muita desconfiança quanto a qualidade do serviço. Nas poucas oportunidades que tive celular, ele ficava fora da área de serviço quando mais precisava. Ou acabava o crédito. Quando nenhum desses, a ligação era de péssima qualidade. Invenção boa é aquela que tu tem um alto índice de confiança. Embora eu use windows... mas enfim, esse já é outro papo.

Encerro com a mesma preciosa última frase do texto de Fernando Jasper: "Porque o sem celular é, antes de tudo, um forte teimoso".

sábado, 23 de junho de 2007

Finais de semana voltam à normalidade

Nos tempos do trabalho pesado de Curitibocas , os sábados e domingos não eram os típicos dias de descanso. A gente lia, degravava e editava o máximo possível. Um cinema, de vez em quando, ou algum boteco para nos distrair um pouco. Mas não muito mais que isso.

Agora que essas fases acabaram, nos finais de semana não podemos adiantar muita coisa. Aparece muito tempo para dedicar a outras questões. É uma sensação estranha.

Amanhã teremos uma reunião informal para fazer um "brainstorming" da diagramação do livro. E já segunda-feira retomaremos os contatos com editoras.

Paixão aprova entrevista

Hoje finalizamos definitivamente o livro. Conversamos com o Paixão, que fez as correções pertinentes em sua entrevista.

Uau, que bom, né? Deveria estar feliz. Mas não consigo deixar de pensar na tal editora.

Uma charge do seu Ademir para ver se eu me alegro

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Money, money, money

Bem no começo deste projeto eu tinha certas idéias de como fazer um livro. Até ousei e escrevi algumas dicas sobre isso.

Na época eu pensava bem diferente ao respeito do tema financeirode que agora - coisa obvia. Cheguei a dizer: "Agora bem, muitos projetos exigem um esforço financeiro forte. Até agora, não é o nosso caso". Hoje, dia 22 de junho, posso afirmar que com certeza É NOSSO CASO.

Estamos apresentando o projeto a várias editoras, e a grande maioria não aceita formato digital para a entrega do conteúdo. Isso significa a impressão de 250 páginas por editora. Multiplicar isso por umas cinco, para começar, dá umas mil copias. Qual será a artimania para apresentar esta quantidade de material?

Ainda estamos avaliando as melhores possibilidades, quer dizer, as mais econômicas. Claro, se alguma coisa nos caracterisa a ambos, é o ahorro de dinheiro. A preocupação está em aumento com o aspecto financeiro batendo na porta.

Mais outro exemplo da minha ingeniudade no começo deste projeto. Ainda bem que aprendi.

Livro que influenciou Curitibocas (ou não) 3


Nueve Cuentos (J.D. Salinger)

Ao pensar nesse livro me dou conta como sou mau leitor. Esqueci grande parte dos elementos interessantes do livro. Não registrei em lugar nenhum e comentei muito pouco com a Cecilia. Enfim, mas no subconsciente pode ter influenciado Curitibocas. Vamos a ele.

Meu primeiro contato com
Jerome David Salinger foi (como a maioria que leram o autor) no livro "O Apanhador no Campo de Centeio". Uma amiga insistiu que lesse pois supostamente eu seria parecido com o protagonista. Não concordo integralmente, mas fica o registro.

Em "Apanhador...", Salinger mostra o universo teenager da época, sem firulas, com aquela doce e inócua rebeldia da geração 50. Esperava que em Nueve Cuentos - li em espanhol, btw - encontraria "Apanhador..." dividido em 9 partes. Lego engano.

O primeiro conto - que não registrei o nome... mau leitor, lembram? - quando parece começa a fazer sentido, termina de maneira abrupta. Estava lendo com olhos de quem lembrava de "Apanhador". A partir daí dei mais atenção aos oito contos seguintes. Em três deles, valeu a pena. 33% está de bom tamanho.

Destaco o único conto que eu lembro o título, Teddy. No mais uma boa leitura. Mas esteja avisado: em comum com "O Apanhador..." só a linguagem apressada e simples. Os elementos narrados e situações são cheios de detalhes significativos.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Quando perder de 5x0 é melhor que de 3x3


A derrota do Grêmio poderia ter me abalado mais - Sem frescuras ou artifícios de torcedor xiita. O Grêmio ficou com o segundo lugar de forma inquestionável, jogando contra um time MUITO superior. De longe. 5x0 no jogo de 180 minutos.

A derrota que dói mais é aquela que "quase deu". Mais ou menos como as que o Grêmio impôs em seus adversários jogando pelo regulamento. Contra o Santos foi 3x3. O gol fora eliminou o peixe. Contra o defensor, 2x2 e decisão nos pênaltis.

Se o Grêmio fosse o derrotado destes dois confrontos, estaria inconsolável. A ponte que eu faço com o livro é essa. Estamos com tudo pronto. Entrevistas, degravações, edições, história fictícia, quartas e semi-finais superadas. Falta pouco para ganhar o campeonato. Estamos na final, precisando de um último gol: que alguma editora aceite o livro.

Desde o começo dizia para a Cecilia arranjar alguma coisa para dispersar o névoa de incertezas que ronda este projeto. Trabalho melhor assim. Tenho pavor de morrer na praia.

Infelizmente não deu para garantir a publicação do livro. Começamos a trabalhar no livro sem pensar muito nessa temida última parte que para mim - ao contrário do que a Ceci já escreveu aqui - é sem dúvida a parte mais difícil pelo simples motivo de depender da boa vontade de terceiros. Convenhamos, o mercado editorial brasileiro não está para muita boa vontade com gente nova e sem QI.

Se fossemos derrotados nas fases anteriores, sairiamos com uma perda indolor. Agora não tem mais volta. Está perto demais.

Caminhante não há caminhos...

Faz-se o caminho ao andar.

Vários talvez tenham escutado a frase do poeta espanhol, Antonio Machado. Sempre senti muita verdade nessas duas linhas, e hoje eu posso aplica-la no projeto Curitibocas - Diálogos Urbanos.

Tanto João quanto eu gostamos de escrever, mas nunca fizemos um livro desde porte. Algumas etapas foram familiares, já que são próprias do jornalismo. Por exemplo, na hora de fazer as entrevistas, ambos tínhamos experiência no assunto. Mas outras nem tanto.

A medida que o livro foi madurando, e novas questões emergiam, fomos nos adaptando e resolvendo na hora. O tema atual: não temos a receita perfeita para lidar com editoras, mas a medida que temos mais contatos e reuniões, as coisas começam a ficar mais claras.

Muitas vezes penso: "Putz, poderia ter feito isto antes". Mas claro, nesse "antes" não tinha o conhecimento que tenho agora. Ninguém nasce sabendo como fazer as coisas. Tudo se aprende, pratica e perfeciona.

Fazer este livro exigiu um jogo de cintura de ambos. Para o próximo, tenho certeza que várias das coisas que demoramos em definir, vão ser resolvidas de modo automático.

Eis o momento do bom entrevistador entrar em campo


Os editores - espécie de técnico no jornalismo - deveriam estar atentos para seus setoristas do Senado. Falta maior profundidade nas declarações que rodeiam o caso Renan Calheiros.

"Me sinto preparado para relatar. Se não for relatá-lo hoje, vou me afastar do cargo e abro mão do relatório", disse Wellington Salgado, este cara da foto, relator relâmpago do caso em reportagem da Folha Online. Se sente preparado para relatar por um dia? Qual a diferença de hoje, amanhã e a próxima sessão do Conselho de Ética?

"É uma honra pertencer ao Conselho de Ética. Mas nesse momento desisto de ser relator porque não sinto nesse conselho vontade de julgar alguém pela quebra da ética. Não faz parte dos meus valores entrar nesse jogo", declarou depois que a votação foi mais uma vez adiada o misterioso ex-relator. Não sente por que? Por quem? Poderia ser mais específico? Você quer dizer que sente vontade de condenar um amigo seu? Ou sente que falta coragem para investir contra o chefe da Casa que afirma ter alguns rabos presos com ele?

*****
Obviamente, no Curitibocas não tivemos nada tão hard news ou de interesse público inflamável. Mas sempre que houve algo tão etéreo, preferimos pressionar um pouco os entrevistados. Se a saída da resposta era pela tangente, relatamos o fato e deixamos que o leitor tire suas próprias conclusões. Assim deveria ser o jornalismo. Está na hora dos editores tirarem aqueles repórteres volantes para fazer marcação cerrada nos senadores.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Vamos pelo caminho difícil

Fazer um livro pode ser uma tarefa fácil. Até pode-se resumir numa dessas coisas tipo "Faça em três passos"

1. Escreva o conteúdo que quiser

2. Encontre uma gráfica, faça o layout, pague e imprima o livro

3. Distribua

Obviamente eu fiz um resumo, mas parece uma tarefa fácil. Uma gráfica pode imprimir os livros que você quiser, é só questão de pagar o preço imposto. Mas além do dinheiro investido, você é o responsável pela distribuição dele, o que implica geralmente negociar com livrarias

Nós vamos por o caminho mais difícil, mas o que no final das contas vai rendir mais. Publicar via uma editora tem a vantagem de ter sido aprovado por uma instituição intelectual. Isso dá outra importância que publicar independentemente (sem desmerecer o valor dos que fazem assim). Além das editoras estar encarregadas de fazer a distribuição, desenho de capa, layout, etc.

Os escritores de Curitibocas - Diálogos Urbanos já começou a mover as fichas, e nestas semanas se definirá a questão. Tentaremos também apelar á Lei de Incentivo á Cultura.

O esforço vai dar seus frutos. Por enquanto, seguiremos atualizando neste blog todo o relacionado ao "making of" de Curitibocas.

São tudo flores no paiol de pólvora*


Ontem o Paiol Literário recebeu Flavio Moreira da Costa, que ficou popular graças às suas antologias. Organizou "Os 100 Melhores Contos de Crime e Mistério", "Os 100 Melhores Contos de Humor da Literatura Universal", "As 100 Melhores Histórias Eróticas da Literatura Universal", "Os Melhores Contos Fantásticos", "Os Melhores Contos de Loucura", "Aquarelas do Brasil", entre outras. Vende bem à beça. Ele conversou com o editor do caderno G, o jornalista Paulo Camargo sobre literatura no teatro Paiol - um dos locais mais simpáticos da cidade para este tipo de evento.

O evento tem entrada franca. Todos que foram no evento ganharam de graça um exemplar do Rascunho, jornal literário de boa qualidade. Mais: fez sorteio de livros do autor. Resultado: em volta de trinta espectadores na platéia. Começo a me preocupar com o público paranaense. Se o Rascunho - organizador do evento - pagar para o povo ir, será que melhora? Uns "cincão", vai?

Esse desinteresse curitibano por cultura amedronta. Pior que dizem que estamos acima da média nacional.


* Referência à música Paiol de Pólvora, de Toquinho. Título sensível, não?

Efigenia chora com sua entrevista

Efigênia Ramos Rolim, a Rainha do Papel de Bala, leu ontem, em sua casa, a entrevista que cedeu ao Curitibocas. Em certos trechos se emocionou e chorou.

Aprovou com exaltação o resultado do encontro com a Cecilia e eu do final de março. "Isso que veio aquele pessoal cheio de parafernália e não fez nada tão bonito assim", declarou comparando a entrevista com os dois documentários que sobre a sua obra.

Li toda a entrevista para ela sentado no sofá em meio às obras dela. Recentemente Efigênia organizou seu acervo pessoal em uma meia-água no fundo da casa. Sua vontade era de agregar mais material.

Se surpreendia com certas coisas que ela mesma havia dito. Quando a entrevista envereda para sua história pessoal, a artista chorou.

Efigênia tem 73 anos e está todos os domingos na Feira do Largo da Ordem. Ela é mineira e ex-bóia-fria - as minúcias da biografia dela serão reveladas no capítulo 8, "Um Anjo que Luta" do livro Curitibocas - Diálogos Urbanos.

Livro que influenciou Curitibocas (ou não) 2

John Lennon Remembers (Jann Wenner).

Um livro de entrevista bem solto, com edição mínima. Quem sabe para privilegiar a suposta genialidade de John em tudo. OK, John é um gênio. Mas agora quando ele cagueja ou enrola não tem muita coisa ali.

Um outro livro que li na produção do livro foi um de Juscelino. Pegam uns rabiscos dele da primeira série e afirmam que aquilo era a previsão de Brasília. Uma vez que está institucionalizado, qualquer ato do gênio vira automaticamente genialidade.

Tirando os excessos, a entrevista com John mostra um artista de saco cheio de sua imagem de ex-beatle. A entrevista foi feita em 1970, logo depois da separação do fab four.

Cáustico e sem meias palavras, John tem tiradas e jogos de palavras que jogam no lixo seus ex-companheiros (especial ênfase em Paul), artistas contemporâneos e o senso comum em geral.

A única poupada no tiroteio é Yoko Ono, que acompanha a entrevista. As interferências da japonesa às vezes fazem com que a entrevista perca totalmente o foco.

Enfim, um livro gostoso de ler mas que não traz nada de muito... eeerr... genial. Claro que para quem gosta dos Beatles, ler John é sempre bom.

terça-feira, 19 de junho de 2007

O fim se sente mais tranqüilo

Há uma semana terminamos de escrever o livro. Claro, ainda estamos (leia-se: João está) corrigindo os pequenos erros que passamos por alto.

Mas o trabalho pesado já passou. Nestes momentos que resta apresentar o projeto às editoras, ter futuras reuniões para discutir uma possível publicação, e assim por diante, caio na conta do tempo e energia que dedicamos ao livro.

Tirando o estágio que fiz em abril e a faculdade que acaba esta semana, dedique quase todo meu tempo livre no projeto. E agora que isso acabou começo a sentir o dia mais sossegado, mais tranqüilo. Até deu para ir no cinema segunda-feira à tarde, coisa impossível algumas semanas atrás.

Este projeto transitou por várias etapas e lentamente tudo está chegando ao seu fim. Foi e é uma experiência muito legal. Quem teria dito que em quatro meses escreveríamos o livro? Novamente, cito o slogan de Adidas: "Impossible is nothing"

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Livro que influenciou Curitibocas (ou não)

Enquanto escrevia o Curitibocas, não deixei de ler. A seguir, meus posts tratam dos livros que consumi entre março até agora. Pode ser que alguém identifique alguma coisa deles no Curitibocas. Ou a anti-tese deles. Ou nada.

Enfim... Vamos ao primeiro.


The Portrait of a Lady (Henry James)
Típico livro que encalharia hoje se não fosse um clássico do final do século 19. Livro longo, trama lenta. Justamente aí reside o interessante do livro, as sutilezas sociais de conflitos internos colossais.

A lenga-lenga aristocrata inglesa - que vive de fazer "social" - pode arrancar bocejos nas primeiras páginas do livro.

Gostei muito da protagonista, Isabel Archer. Todo mundo diz que ela é inteligente - fake - e independente - o final do livro prova o contrário. No mais tem MUITA crítica sobre esta história. Falar mais dele é chover no molhado.

Atualmente o público quer mais do objeto livro. Já que vai investir horas na leitura dele, quer algo com muita informação ou diversão fácil. Confira se eu estou errado se os últimos Best-sellers não são a conjugação perfeita destes dois quesitos?

*****
Próximo da lista: John Lennon Remembers, de Jann Wenner.

Só observações da polêmica Curitiba

Curitiba demonstrou ter muita coisa inconclusa. Uns dizem "a" e outros acreditam que é "b". Em vários temas da cidade tem algum debate no meio. Até a Praçinha do Batel gera polêmica.

Eu, que ainda estou longe de conhecer todo o pais, me pergunto se será que em todas as cidades do Brasil é assim.

Curitiba foi uma fonte enorme de inspiração para este livro. Mesmo assim não somos nós quem coloca as questões e formula uma opinião. Nos limitamos a fazer algumas observações com o/a personagem principal, Darcy. São críticas? Pode que sim, pode que não. Mas o tratamento não é pejorativo nem nada que se assemelhe.

No entanto, o que os entrevistados falaram vai ficar no livro. Como João já escreveu algumas vezes, não mudaremos uma vírgula das declarações citadas.

domingo, 17 de junho de 2007

Jornalismo pipoqueiro

Um dos desejos de Valdir Novaki – gestor da Pipoca do Valdir – é que seus concorrentes elevem o nível. Ele não é daqueles demagogos que dizem que “o consumidor ganha mais opções e eu fico feliz de ganhar menos dinheiro”. O desejo dele é que mais clientes se acostumem com o alto valor de qualidade para desqualificar os picaretas da pipoca e expandir o mercado.
Segundo pesquisa do Valdir, ele recuperou 2% dos consumidores que deixaram de comprar pipoca nas ruas por falta de higiene. Se sozinho ele conseguiu este número, imagine se todos os pipoqueiros seguissem suas diretrizes higiênicas?

*****
Diversas vezes manifestei meu desejo de aumentar o nível da minha (futura) profissão. O que acontece com o consumidor de pipoca acontece com o consumidor de noticias. Assim como o mal pipoqueiro prejudica o bom pipoqueiro, o mal jornalista prejudica o bom.


A réplica automática para isso vem da tal regra de mercado. Alguns (futuros) jornalistas opinam que o mercado saberá separar o bom do mal. Ora, se uma empresa contrata os serviços de uma assessoria de imprensa pela primeira vez – convenhamos não é fácil dar esse passo – e faz um serviço ruim. Fim de história, será uma odisséia para esta empresa se abrir de novo.

Convenhamos, um jornalista que presta uma assessoria podre é muito mais danoso que um encanador ruim. Encanamento todo mundo sabe o que deve fazer para estar bem. Assessor não. Vai explicar que o release sai às vezes, que o relacionamento com a imprensa deve ser sedimentado, etc. Tarefa árdua, no mínimo. Na cabeça do empresário todos os jornalistas são picaretas.

Sem contar nas tarefas cotidianas do jornalismo, como a entrevista. Outro exemplo do projetinho: Edílson Viriato sentando as patas em nós devido aos jornalistas despreparados que lhe entrevistaram.

Por estas e outras que sou favorável a um exame no mesmo estilo que a OAB promove para um sujeito ser advogado. Mais: para quem quiser, não necessariamente para graduados em jornalismo. Se um economista consegue escrever, sabe o que deve perguntar, como contextualizar, entre outros elementos essenciais para o jornalismo impresso, muito bem, eis um certificado para escrever em jornais e revistas.

Não dá para contar com os critérios de aprovação dos professores. Muitas vezes por pena deixam alunos sem a menor condição ter o poder de assinar matérias. E assim surgem os jornalistas que pipocam na hora de fazer um bom trabalho.

A maior parte dos assuntos tratados neste blog tem a ver com jornalismo.

Desde qualquer ângulo, há potencial

Desde sexta-feira passada o livro está nas mãos de várias editoras. As mais de 250 páginas estão sendo avaliadas e estudadas para uma possível publicação.

O que se avalia neste caso? Por um lado o conteúdo. É interessante? Vai atrair aos leitores? E assim por diante. Por outro, o potencial comercial do livro, que se resume em uma pergunta: vai vender?

Para responder estas duas questões, cito um trecho do documento que apresentamos às editoras descrevendo o projeto.


Curitibocas - Diálogos Urbanos é uma radiografia da cidade e de seus atores mais influentes. Derrubando as lendas urbanas que a caracterizam, o livro dará um ponto de vista único para o leitor de Curitiba. O leitor de fora da cidade descobrirá junto com o personagem as peculiaridades da capital paranaense.

O livro tem como principal enfoque lapidar e definir a identidade curitibana. Porém, não deixa de lado uma proposta comercial interessante. Certos personagens atrairão certamente a curiosidade do público leitor que nunca teve a oportunidade de conhecer-los a fundo.

O livro tem potencial. Agora resta só aguardar a visão das editoras.

sábado, 16 de junho de 2007

O selo de Viriato

Trecho da entrevista do artista plástico Edílson Viriato. Versão sujeita à alterações e revisões até a publicação do livro.

Sua “grande obra” tem mais reconhecimento fora do país. Que outro país te dá reconhecimento? Uma das coisas mais brilhantes da minha vida foi quando eu estava participando de uma exposição no Museu Henie-Onstad Kunstcenter Hovikodden, em Oslo, na Noruega. O Pierrot Vignat, diretor desse museu disse que o meu trabalho tem uma brasilidade, mas é entendido em todo canto do mundo. Não tem cara de cucaracha. Ou seja, não precisa estar com periquito, papagaio de verde amarelo para ser entendido. Os símbolos que eu uso são universais, por isso que fora atraio tanto. Nessa exposição eu tomei um banho de lama e tinta vermelha, segurando um balão azul. Entrei as três da tarde dentro do museu, gritando: “Help me”. Uma senhora toda fina saiu gritando atrás de mim: “I help you”. Foi fascinante. Me emocionou. Eu fui até o meu trabalho que eram vários brinquedos ligados por transfusão de sangue, por mangueiras infestadas de agulhas. Aí eu tirava as 50 agulhas do brinquedo e me espetava. Fiquei parecendo um ouriço sem artifício nenhum. Eu sentia. Cada vez que eu enfiava uma agulha, doía. Eu gritava desesperadamente. E ela gritava desesperadamente. E o povo gritava desesperadamente. O Museu estava lotado. Tinha 27, 28 anos de idade. Tudo aquilo foi fascinante.

Você conversou com ela depois? Ela veio falar comigo, agradecer. Ela veio contar o que era, foi bem interessante.O filho dela morreu na semana anterior de AIDS. Mais maravilhoso foi no outro dia que sai na capa do jornal norueguês. Quando entrei no Teatro Municipal de Oslo, a platéia inteira levantou, aplaudiu e gritou: “Brazilian art, Viriato”. Uma coisa que eu nunca tive aqui.


Gosta de interagir com o público? Muito. É gostoso quando a platéia participa, mas é complicado. Às vezes o público não entende. Eu tenho uma performance, “A noiva negra”, que eu como dois tubos de pasta de dente, uma dúzia de rosas e saio agarrando nas pernas das pessoas vomitando e gritando. Elas ficam horrorizadas. Tem outra que eu distribuo picolé para as pessoas, elas ficam chupando e eu fico transando com um balão. Aí eu saio gritando: “Chupa, chupa, chupa” e eu transando. Aí quando se liga para de chupar e fica escorrendo picolé na mão, que derrete. Aí tem que lamber. Aí eu grito: “Lambe, lambe”. E eu transando. Claro que eu sempre faço dentro de um contexto de arte. As inaugurações das minhas exposições têm sempre algo assim. A última, por exemplo, eu coloquei a Brigitte, uma drag, vestida de serpente, distribuindo um monte de maças pedindo para cair em tentação. Lá dentro tinha outra drag, a Betty Boop, vestida de sado, dando chicotadas nas pessoas. Isso é legal, tem que envolver.

Maleabilidade Digital


Quando vi as 200 e tantas páginas do livro impressas senti um receio tremendo. Ao ver o arquivo de Word que usamos para unificar todo o conteúdo, fiquei tranquilo.

Por mais que tenha lido 3416174629 vezes as entrevistas, passei os olhos pela encadernado que a Ceci preparou. Os erros pareciam saltar diante dos meus olhos. Pow, não posso deixar isso chegar nos leitores.

O impresso tem essa questão de ser rígido, imutável. Se chegamos a imprimir uma tirada com um erro, quem comprou o livro levou o erro para casa.

Agora, no caso dos textos digitais a coisa muda de figura. Errou? Seleciona, delete e reescreve. Exemplo disso foi a correção dos erros apontados por Didonet. Outro: retirei o itálico e coloquei a formatação "quote", que até então nem sabia que existia, nos trechos do livro.

No mundo digital, até as imagens são facilmente manipuláveis. Conseguir a mistura do quarteto fantástico com a turma do Harry Potter seria herculeano em um laboratório manual de fotografia.

Essa nova condição nos leva a novos dilemas. Um texto na Internet deve sofrer constantes edições? E uma imagem? Já temos a máscara do nickname, a palavra escrita também pode ser disfarçada?

Ate o livro começar a rodar, este futuro escritor estará abusando da maleabilidade dos processadores de texto.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Nosso querido "projetinho"

Curitibocas - Diálogos Urbanos foi entregado hoje a cinco editoras. O fim de semana será aproveitado para ler e deleitar-se com 17 entrevistas.

O documento final contém 259 páginas. Sempre há modificações que podem alterar este número, mas essa é a extensão do livro. Sentir o peso dessas folhas provocou uma sensação de alivio, felicidade, e mais outras. É bem estranho sentir que estamos próximos ao final

Enfim, o livro agora está nas mãos das editoras. Detalhistas e exigentes, não podemos mais que ler e reler o livro até que fazer a melhor versão.

Marzo foi o mês de fazer as entrevistas; abril a de degravação e dos primeiros contatos com editoras; maio foi dedicado às edições (etapa mais difícil); junho é o mês das correções finais e
reuniões com editoras. Eu me pergunto, o que será de julho. Teremos o lançamento? Aliás, estou começando a contar meus dias em Curitiba, tomara que a publicação seja feita antes de ir embora. As editoras dirão...

Primeira estimativa de custo do livro


Hoje a Ceci imprimiu o primeiro manuscrito do livro. O "projetinho" (termo criado por alguns detratores do Curitibocas) tem 259 páginas e 716.499 caracteres. Segundo Anthony Leahy, o livro impresso custará por volta de R$ 50,00.

O valor é mais alto do que eu imaginava. Mas, como me disse Rubens Campana, livro é um artigo de luxo no Brasil. A nata que compra livro quer um bem durável e de qualidade. Nos Estados Unidos, li alguns livros feitos de papel jornal, que amarelam em pouco tempo - nada que prejudique a leitura. No padrão estadunidense, acredito que este custo cairia pela metade. O barateamento incentiva a leitura e a compra efetiva dos livros.

Acredito que isso afete principalmente os best-sellers. Quando sobrar tempo (e interesse) de ler O Código da Vinci, vou pedir emprestado ou comprar no sebo. Novo na livraria é inviável.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Eu falei tanto assim?

Bem sucinto, algumas considerações sobre correções dos entrevistados que eu acompanhei e ainda não mencionei aqui.

Murilo: veio aqui em casa, tomou um chimarrão. Amenizou alguns trechos que mencionava atores políticos secretos do Paraná.

Paixão: outra vez naquela maravilhosa redação da Gazeta do Povo. Não imaginava que a entrevista seria tão grande. Ficou com uma cópia de recordação. Quer montar um currículo a partir do que disse - ele custa lembrar toda a sua carreira sozinho.

Suk: de novo na sede da Fanáticos. Desta vez, não trajava o uniforme da torcida. Vestia camisa pólo. Também se surpreendeu com a extensão da entrevista.


Só faltou a Efigênia, que viajou. Marquei de combinar com ela na terça, dia que ela volta para Curitiba.

O Gralha em O Ovo ou a Galinha Parte 2

Veja a parte 1 aqui.

Somos todos amigos de Leminski

Dos 17 entrevistados, três se declararam amigos do poeta Paulo Leminski. Ivo Rodrigues, Plá e Hélio Leites contaram que conviveram e tiveram uma grande amizade com o uns dos símbolos curitibanos.

Nos primeiros momentos eu ficava mais impressionada com as pessoas que tinham conhecido ao poeta. Depois destes quatro meses na capital paranaense, já não causa a mesma surpresa.

Até parece que o Leminski conheceu todo o universo artístico da sua época. Foi a relevância que adquiriu depois do morto o que faz a muitos felizmente afirmar: "Eu fui um grande amigo do Paulo Leminski".

O José Castello escreveu o livro "Fantasma", editado pela Record, onde relata a repercussão da morte do poeta na sociedade curitibana. A continuação uns trechos que achei interessantes.


Preste atenção, pois não vou repetir", Maria Zamparo insistiu, apertando-me agora com mais força o antebraço, minhas veias saltando, provocando uma dormência que se transformava em suplício. Foi só nesse momento que, imobilizado, eu a encarei. A notícia que ela viera me trazer cabe, na verdade, numa só frase, uma frase inocente, mas ameaçadora. Foi tudo o que ela disse: "Paulo Leminski não morreu." Palavras reforçadas por um sorriso não muito definido, que ficava entre a desforra e o alívio, o chiado estufando as sílabas.

(...)

Em junho de 1989, toda a imprensa brasileira documentou em detalhes a morte e o funeral do poeta Paulo Leminski, aos 45 anos, depois de longo sofrimento decorrente, diriam os mais ingênuos, da dependência do álcool; agonia que foi só a crosta mais superficial, contudo, de uma rejeição. Até hoje Curitiba cultua esse morto célebre, o acalenta, o reverencia como um santo, já que Leminski acrescenta a essa cidade de barões, viscondessas, desembargadores e sonetistas a nobreza da modernidade. A cidade o cultua, mas, enquanto ele esteve vivo, o desprezou. De modo que, se ele ainda estava vivo como Maria Zamparo agora ousava afirmar (e ela tinha em seus olhos uns vazamentos de luz, me fitava com o fervor das corujas), chegava a hora de prestar contas ao poeta - que santo jamais quis ser. Se estava vivo, era porque havia ressurgido dessa zona de trevas, e especialmente de silêncio, que chamamos de morte, região que nem as metáforas, que são leves e audaciosas, conseguem definir.

***
Paulo Leminski foi uma figura importante no âmbito artístico de Curitiba. Nossos 17 entrevistados de Curitibocas - Diálogos Urbanos também
tem uma atuação relevante na cidade, e o livro será a oportunidade de conhecer-los.

O Gralha em O Ovo ou a Galinha Parte 1

Para quem gostou de O Gralha e o Oil-Man - Um Encontro Explosivo. Outro filme do Tako X com o super-herói Gralha.




Em breve eu posto a parte 2.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Brasília: Fria, feia, falsa, suja, podre, mentirosa














Trecho da entrevista de Joba Tridente. Versão sujeita à alterações e revisões até a publicação do livro.



O que você acha de Brasília?

Quando a IstoÉ estava sendo lançada, eu fiz uma matéria para eles. O tema eram as religiões de Brasília. A religião que você imaginar tem. Tem até uma que adora o Juscelino Kubitschek achando que ele é uma reencarnação do Tutankhamon. Aí fiz uma matéria dessa miscelânea religiosa que foi publicada na revista Planeta. Eu tinha entrevistado ufólogos, pessoal do budismo, todo mundo achando que Brasília era a salvação do país, que era a cidade prometida, que o mundo vai desaparecer e Brasília vai ficar de pé. Eu cheguei a publicar o que eu penso de Brasília no Correio Braziliense:

uma cidade

fria, feia, falsa,

suja, podre, mentirosa,

que eu vou ver cair

sentado numa cadeira de balanço

e morrendo de rir.

E a reação dos brasilienses com esse manifesto?

Não existe brasiliense. Não existe nada lá, a cidade não existe. As pessoas não existem, elas simplesmente estão lá. Aquilo hoje é um monstro. Não tem indústria, não tem emprego, nada. Você não sabe do que aquela gente vive, tem invasão para tudo quanto é lado – lá favela é chamada de invasão. Era para ser uma cidade burocrática, administrativa. Não é para ser o que é.

Erros com Didonet

Quanto mais chegamos mais próximos da conclusão do livro, mais vejo o blog como uma ferramenta interessante. Além das conhecidas funções de marketing e comunicação autores-leitores, serve para dar um parecer para os entrevistados. Uma espécie de "ei, sua entrevista está neste estágio". Um incentivo especial para fazer um bom trabalho.

Mas cometemos um deslize com a entrevistada Didonet Thomaz. Primeiro que a apresentamos na Lista Oficial como tombadora de acervos históricos. A descrição é certa, mas dá a idéia de se tratar de uma historiadora. Fato que Didonet nega. A descrição foi corrigida para "Artista plástica que constrói poéticas visuais em casas de famílias curitibanas".

Outro puxão de orelha foi com relação à foto dela que publicamos aqui no blog. Não demos os créditos. Corrigido também.

Quem dá a cara para bater está sujeito a receber críticas. Que bom.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Meu Proust

Difícil tarefa a de fazer o questionário Proust. Recomendável, mas incomoda. Uma vez que tem todas as respostas, a sensação é boa.


Qual é o cúmulo da miséria?
Que as crianças passem fome.

Onde você gostaria morar?
Onde me sinta a gosto. De preferência em Buenos Aires, mas a vida está em constante mudança.

Qual é o seu ideal de felicidade na Terra?
Mais justiça.

Para quais erros você tem maior tolerância?
Aqueles sem intenção.

Quais obras literárias você prefere?
As que quando começo, não posso deixar de ler.

Qual é seu personagem histórico favorito?
O primeiro que vem na cabeça é Martin Luther King.

Seu pintor favorito?
Xul Solar, Dalí, Picasso. Ahh, tem vários.

Seu musico favorito?
Beatles, Jimi Hendrix, Ray Charles.

A qualidade que prefere no homem?
Inteligência.

A qualidade que prefere na mulher?
Segurança.

A virtude que prefere?
Cumprir a palavra dita.

Sua ocupação favorita? (hobby)
Ter conversas produtivas.

Quem você gostaria ter sido?
Alguém que fez alguma boa contribuição no mundo. Essas que ficaram na história.

O que você mais aprecia dos amigos?
Lealdade.

Seu pior defeito?
Tomar as coisas muito a serio.

Seu sonho de felicidade?
Sentir menos a pressão do passar do tempo.

Qual seria sua pior desgraça?
Perder as pessoas que amo.

O que você gostaria de ser?
Uma pessoa com mais conhecimento.

Sua cor favorita?
Violeta.

A flor que mais gosta?
Calas.

Qual pássaro preferido?
Não tenho preferência. Os lindos.

Seus autores favoritos em prosa?
Julio Cortázar, Ernesto Sábato, J.D. Salinger

Seus poetas favoritos?
Não sei.

Seus heróis na vida real?
Os que conseguem mudar o que parece impossível.

Seus nomes favoritos?
Tiago, Lucas.

O que você detesta?
Falsidade.

O feito militar que mais admira?
Em todas as entrevistas fiquei pensando qual seria. Minha resposta ainda é: nenhum.

Qual dom da natureza você gostaria de ter?
Voar.

Como gostaria de morrer?
Tendo me despedido das pessoas mais próximas.

Seu lema?
O primeiro que vem na cabeça é: "El que quiera celeste, que le cueste".

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Antes de que o livro acabe conosco

O Sr. Mario Arbolave (aka meu pai) tende a usar algumas frases de forma repetitiva. Bastantes são acertadas e usadas no momento adequado. Hoje tomo emprestada uma dele:

"Terminemos com o livro antes de que o livro acabe conosco"

Estamos na etapa mais pesada, as correções. É hora de ser detalhista, encontrar o acento errado, colocar as frases mais adequadas, e segue um grande etcétera.

Falta pouco, muito pouco - até poderia dizer que só dias para ter o primeiro original. Mas depois de três meses e pouco de trabalho pesado, há muita ansiedade e impaciência por ter Curitibocas na mão. Vamos trabalhar até o fim, e como a frase diz, sem que o livro acabe conosco.

***
pd: queremos agradecer especialmente a ajuda da Graziela Ferreira no andamento de Curitibocas. Neste momento, seu aporte foi muito valioso.

Ainda sobre a morte das entrevistas...

Este post é meio que uma continuação do assunto tratado aqui. O "meio que" me exime de qualquer culpa quanto às expectativas do leitor =P

Ontem executei a famigerada fase 5 com Didonet Thomaz. Ela leu a entrevista dela e corrigiu os equívocos.

Se tivessemos passado por cima desta correção, muitos nomes seriam publicados de maneira incorreta, além de alguns fatos que perderam validade. Didonet caiu na tentação que os jornalistas tanto temem: quis corrigir imperfeições de sua fala.

Na verdade dei para Didonet uma versão anterior a revisão "pente-forte-no-error". Era evidente a quantidade grande de palavras "eu" na fala dela. Alguns vão permanecer. Expliquei que a entrevista é um gênero que se aproxima mais da fala que o texto científico que ela esta acostumada a produzir e ler. Ela entendeu. Deixou a nosso critério suprimir alguns excessos de linguagem.

Como pesquisadora, Didonet achou normal a checagem de dados e nos felicitou por sermos cuidadosos com esta parte. Por que será que os jornalistas - pesquisadores dos fatos relevantes do dia - se negam a este tipo de atitude. Alguns alegam que falta tempo. Arrisco dizer que na maioria dos casos sobra tempo.

A trava vem da recomendação do manual, executar a conferência no ato da entrevista. IMO, isso tira a fluidez da conversa. Ficar dizendo "pera, pera, um minutin só... como se escreve Cecilia? Com acento no `i´?". Sem contar que na hora da entrevista mal sei qual são os dados que utilizarei na matéria final. De que adianta eu me esmerar em escrever "Cezar" com "Z" e "Varella" com dois "Ls" se no final nem vou citar esse mané?

******
Entre uma rabiscada e outra do lápis de Didonet, conversávamos. Papo bom, de se levar por horas. Ainda mais com o café que ela prepara. Ela pega vários pós - todos lícitos, btw -, mistura Nescafé, agua quente e, voilá, café pegadaço.

domingo, 10 de junho de 2007

De frente com o e-mail


As entrevistas cara a cara estão morrendo. O telefone já foi um duro golpe nessa modalidade - atacaram pelo viés da comodidade. O e-mail é a nova ameaça da tradicional maneira de se fazer uma entrevista. Rita Lee é uma que agora só conversa com jornalistas por correio eletrônico. Porém, este tem a ver com o controle da palavra dos entrevistados.

Ninguém gosta de ver a palavra deturpada. Jornalistas - como qualquer ser humano - cometem erros. Porém, quando erramos, todos os leitores embarcam no erro. Quanto maior o veículo, maior o tombo.

Quer ver um jornalista irritado? Primeiro diga que ele errou. Nosso ego aos poucos diminuem com a instituição da errata, mas a maioria ainda é daqueles que empurram para os outros a bomba. "Foi meu editor/fonte/revisor/diagramador/office-boy/sogra quem mudou meu texto". Outra maneira de fazer os jornalistas descerem das tamancas é pedindo (melhor: exigindo) para revisar a entrevista antes de ser publicada. Um sacrilégio.

A discussão é longa, mas os resultados desta briga são o distanciamento cada vez maior de entrevistadores e entrevistados. Pena. Rita Lee fazia ótimas tiradas. Amanhã eu volto com este assunto.

Maratona Curitibocas

Terminamos o livro. O conteúdo, claro. Nos próximos dias vamos a ter que correr para fazer as correções finais. As entrevistas de Ivo Rodrigues, Plá, Borboleta 13, Mila Behrendt e Didonet Thomaz já estão prontas.

Amanhã vamos nos reunir com mais cinco entrevistados para revisar nomes e lugares citados. Se dá o tempo, tentaremos nos encontrar com mais. A previsão é ter na quarta-feira todas as entrevistas prontas para uma lida final.

O tempo corre, nos também.

sábado, 9 de junho de 2007

Habemus libris

Acabei de finalizar a edição da última entrevista. Senhoras e senhores, habemus libris.

Acredita nas bruxas?

Trecho da entrevista da Mila Behrendt. Versão sujeita à alterações e revisões até a publicação do livro.

Acredita nas bruxas?
Se eu não acreditasse, não acreditaria em mim.

Então você é bruxa?
Uma vizinha me disse: “Se você vivesse na idade média, você já tinha sido queimada viva”. No entanto, o que eu faço? Nada de extraordinário. Uma sessãozinha para espantar as aranhas, um benzimento que me ensinaram quando era criança, essas coisas que me dão na cabeça.

Quando a pessoas falam de bruxas, as pessoas sempre imaginam uma dessas bonecas.
Essa bruxa preta foi uma invenção americana. Assim como Papai Noel não era vermelho, quem vestiu ele foi a Coca-Cola. O que a bruxa põe no corpo é de acordo com ela, não com os outros. Se é moda ou não, nem estamos aí. Ela está vestida do jeito que ela quer. Agrada, põe no corpo.

Por que foram tão perseguidas?
Porque faziam alguma coisa que não era aprovada pela sociedade, ou que eles não compreendiam. Quer dizer, qualquer atitude que não fosse conforme a sociedade da época, eles denunciavam. Às vezes nem precisava fazer nada, era só sentir antipatia por determinada mulher que já era presa. O termo surge na idade média. Aí eles passaram a caracterizar a bruxa como uma pessoa má e feia. Eram pessoas que não tinham conhecimento.

Você não gosta das fadas?
São tão sem graça. Fada pode ser ambivalente. Quer dizer, tem as duas facetas. Qual é a faceta da fada? A fada é aquela mimosinha, bem vestida, que a sociedade aprova, que é correta, que faz tudo que manda o figurino e que tem uma varinha de condão. A bruxa não. Ela representa aquela mulher que tem que lutar, que tem que se defender, que tem que ter garra, como a Baba Yaga. Ela tinha que dar cotovelada e arranhar para lutar pela sobrevivência dela. Não é o que você vê a maioria das mulheres fazendo no Brasil principalmente? Tem de abrir o caminha à cotovelada e dentada.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Correções finais das entrevistas

Estamos quase prontos para apresentar o livro às editoras. Antes disso temos que ir a cada entrevistado para que leia seu capítulo.

É imprescindível fazer esta tarefa? É. As correções feitas pelos entrevistados se referem principalmente a nomes ou lugares que degravamos errado. Estaríamos ganhando muito tempo se não tivéssemos esta última lida. Neste caso não é por ser detalhistas, é por respeito ao entrevistado.

Entre os 17, Valdir Novaki e Hélio Leites se anticiparam e expressaram uma queixa sobre esta questão. O primeiro afirmou que uma vez a imprensa errou colocando Novaski como seu sobrenome. O segundo fez a seguinte declaração:

"Sempre quando vai publicar alguma coisa, eu gosto de ver antes. Não para mim, mas é para publicar as coisas certas. Uma vez veio uma mulher que me coloca

Deus não escolhe o lugar para nascer
Quanto mais pobre o templo
Mais nobre o EVENTO


Não é evento, é exemplo. Pô, você demora para fazer poesia. Poesia é palavra, não é como pegar uma corrida de táxi, que qualquer um serve. Mudou todo o sentido".

Palavras mal ditas

Assumo toda a responsabilidade da correção das expressões coloquiais nas entrevistas. Logo no início dos trabalhas, Cecilia me perguntou sobre o tema. Defendi que os "tá" fossem substituídos por "está", "tão" por "estão", entre outros. Ela apontou que Playboy tem um "respeito à coloquiaidade do personagem". Na minha opinião, Cecilia foi enganada.

Playboy selecionou as coloquialidades que foram transpostas no papel. Só para citar um exemplo, a maioria dos brasileiros fala em linguagem coloquial "corretamenti". Alguns - por coincidência, os curitibanos - falam a "E" no final, o que chama a atenção dos brasileiros nativos. "Tive" ao invés de "estive" - que confunde bastante no papel -, supressão do "s" nos plurais, são outros exemplos que fariam deste post um daqueles quilométricos.

Ora, se é para "respeitar a coloquialidade", faça no todo. Nada de selecionar a coloquialidade que entra e a que sai. Ilusionismo lingüístico verossímil, não veraz. Ponto feito, agora agrego novo argumento entre os já citados neste blog sobre a razão de não transpor a totalmente a fala no papel. Mais uma vez, apelo para o que acredito conhecer do leitor brasileiro e leitor modelo deste livro.

Neste país, a credibilidade e peso de argumentos apresentados dependem, dentre outros fatores aqui não mencionados, da retórica. "Isso é no mundo todo, desde Sócrates", dirá o afoito leitor que ejacula precocemente em suas cópulas. Não sei com relação a outros países, mas no Brasil o quesito "domínio do idioma" é fundamental para levar a sério ou não o que alguém diz.

Nosso presidente fala "nóis cheguemu", eu sei. Levemos em conta que a classe consumidora de livros no Brasil têm amplos índices de rejeição ao presidente, que perdeu o segundo turno em 89 para Fernando Collor de Mello - hoje tido por qualquer cidadão bem informado, memoriado ou com um pouco de bom senso como um atraso para o Brasil. Sem contar os milhares de outros líderes que perdem pontos por inaptidão na língua.

Freqüento há anos alguns fóruns de discussão na Internet. Quando a inclusão social atingiu seu auge, foi notório o aumento de usuários sem noção de texto escrito. A conseqüente resistência e preconceito dos "old school" também teve seu apogeu. Hoje a situação foi amenizada, mas não raro me deparo com mostras do falso silogismo "não sabe escrever, logo não pensa direito".

Se colocamos as palavras mal ditas (malditas?) tenho convicção que pareceria ao leitor que estamos acobertando erros de alguns entrevistados em detrimento de outros e/ou o descrédito dos que falam pior que outros.

*****
Justificativa longa, mas na era da comunicação total, não posso deixar passar este fato. Tudo no livro tem um motivo. Alguns são motivos tontos - algum dia, me lembrem de falar dos nomes dos personagens fictícios. Outros, se forem justificados perdem totalmente a graça.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Curitibocas x Playboy

Quando descrevemos o tratamento que damos em Curitibocas - Diálogos Urbanos, muitas vezes comparamos com as entrevistas da Playboy.

João aclarou o preconceito com a revista. Admito ter perdido contra ele a discussão sobre este assunto. Mesmo tendo bastantes, a Playboy não é só de figurinhas. Há entrevistas interessantes, longas e bem detalhadas.

Depois da discussão, ou melhor do bate-papo, eu decidi comprovar que estava errada e pedi emprestado ao Sr. Varella o livro "As 30 melhores entrevistas Playboy" [Agosto 1975 - Agosto 2005]. Entre alguns nomes, posso mencionar o Fernando Collor, Tom Jobin, Jack Nicholson, Quentin Tarantino e John Lennon. É realmente um cardápio interessantíssimo de personalidades.

Ainda não acabei de ler o livro, mas posso indicar algumas diferenças ao respeito de Curitibocas - Diálogos Urbanos. O que mais me chamou a atenção é o respeito à coloquiaidade do personagem.

Só para mencionar alguns exemplos, em nossas edições colocamos "está" em vez de "tá", 1998 e não 98. Se o entrevistado é muito repetitivo, cortamos frases e deixamos um texto mais coerente. Somos obcecados pelo detalhe, já sabemos.

Nas entrevistas de Playboy, varias dessas regras gramáticas são simplesmente esquecidas. Se é intencional ou não, é outra questão. Na real, são pequenas coisas, mas depois de fazer tantas edições, não passam desapercebidos pelos nossos olhos.

Murilo revisado e ampliado

Dos 17 entrevistados, tem um que considero meu amigo pessoal. Conheci Murilo Mendonça em uma outra entrevista, dois anos e meio atrás. Na ocasião, ele serviu de personagem para a nobre página três do Comunicare - jornal laboratório da PUCPR.

Para quem tem curiosidade, a antiga entrevista está disponível no Depósito Mirabolante.

Para o Curitibocas, fizemos uma entrevista maior, melhor e mais ampla. O mais difícil foi entrar em sintonia com a curiosidade quase infantil que as boas entrevistas pedem. Já sabia bastante dele, depois da primeira entrevista fui na casa dele na condição de amigo.

De qualquer forma é uma das entrevistas mais longas e interessantes do projeto. Cada frase parece um uppercut no estômago da hipocrisia.

******
Btw, esta entrevista está pronta. Só falta editar a do Paixão e pronto, habemus libris.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Criadores enfrentando a criatura - meu Proust

Darcy representa duas pessoas: Cecilia Arbolave e João Varella. É justo você conhecer estes dois verdadeiros guias da urbe curitibana. Começo eu:

Qual é o cúmulo da miséria?

Analfabetismo.

Onde você gostaria de morar?

Em qualquer lugar onde possa trabalhar com jornalismo. Acho que o futuro aponta para São Paulo, Rio, Brasília ou, por que não, Curitiba.

Qual é o seu ideal de felicidade na Terra?

Liberdade.

Para quais erros você tem maior tolerância?

Os não intencionais.

Quais obras literárias você prefere?

As boas.

Qual é seu personagem histórico favorito?

Os Beatles. Se for para escolher um, fico com John.

Seu pintor favorito?

Rembrandt.

Seu musico favorito?

Os melhores músicos estão no Rush.

A qualidade que prefere no homem?

Responsabilidade.

A qualidade que prefere na mulher?

Responsabilidade.

A virtude que prefere?

Lealdade.

Sua ocupação favorita? (hobby)

Ler (jornais, revistas e livros), RPG, games da Blizzard, filmes.

Quem você gostaria ter sido?

Joseph Mitchell.

O que você mais aprecia nos amigos?

Companheirismo irrestrito.

Seu pior defeito?

Falta de tato.

Seu sonho de felicidade?

Ter um conglomerado de comunicação.

Qual seria sua pior desgraça?

Perder a credibilidade.

O que você gostaria de ser?

Uma edição histórica de um jornal.

Sua cor favorita?

Indiferente.

A flor que mais gosta?

As de plástico.

Qual pássaro preferido?

Nenhum.

Seus autores favoritos em prosa?

Dora Kramer, Miriam Leitão, Alberto Dines, José Simão, Diogo Mainardi, Truman Capote, Joseph Mitchell, Peninha.

Seus poetas favoritos?

Atualmente, os compositores do Soda Stereo. Os de sempre: Manuel Bandeira, Paulo Leminski, Edgar Alan Poe.

Seus heróis da vida real?

Todos os comunicadores e políticos éticos.

Seus nomes favoritos?

Nome de rima difícil.

O que você detesta?

Malandragem agulha.

O feito militar que mais admira?

Vietnã, por ter sido uma guerra que a superioridade táctica superou o poderio bélico.

Qual dom da natureza você gostaria de ter?

A idade secular de algumas árvores e animais.

Como gostaria de morrer?

Cobrindo algum evento relevante.

Seu lema?
Muda de tempos em tempos. O atual: "Pirataria é crime! Não roube barcos!".