sexta-feira, 27 de abril de 2007

O deus tempo


Curitiba

A primeira coisa que chama a atenção de quem entra em uma redação não são os jornalistas, os computadores ou a máquina de café. É a quantidade de relógios nas paredes. Toda (boa) redação sabe que atraso é pecado. Nunca vi sair em um jornal uma página em branco por que o repórter ficou preso no engarrafamento. "Pedimos desculpas, mas o Zé Pedro não conseguiu fechar o texto em tempo. Amanhã ele prometeu escrever essa matéria e mais uma para compensar você leitor". Zé Pedro provavelmente estaria despedido em todas as redações com muitos relógios.

Felizmente, coincidimos no respeito ao deus máximo do jornalismo. "Passo no teu apartamento às 15h para depois irmos juntos até a casa do entrevistado, ok?". Quando é assim, normalmente estamos 14h45 juntos. Já dando folga para furar o pneu da bicicleta, trânsito, se perder por Curitiba, esquecimento de papéis, falar bobagens nada a ver com o livro e outros contratempos que ocorrem.

Assim também demonstramos que nosso trabalho é sério. Quando dizemos que somos estudantes, alguns torcem o nariz. Por não sermos de nenhum veículo de comunicação, alguns nos menosprezam mais ainda. Com atraso, eu diria que alguns entrevistados recusariam a dar uma segunda chance.

Jornalistas sabem que atrair a fúria do deus-relógio pode arruinar uma boa pauta.
Por isso ele é homenageado todos os dias com o cumprimento dos prazos e compromissos.

Nenhum comentário: