quarta-feira, 18 de abril de 2007

Livraria só lucra bem onde há leitores

O encontro com o professor Hoerner abriu o apetite da Ceci. Fomos até a lanchonete do DCE comprar os salgados mais baratos da PUCPR. Enquanto ela se saciava com um salgadinho de um real, dei uma espiada na livraria que se encontra ao lado, atrás de mesas de plástico. Na primeira estante (lugar onde um dia colocaremos o Curitibocas em todas as livrarias) estava exposto o Manual da Redação da Folha de S. Paulo. Com ele embaixo do braço fui conhecer o resto da livraria.

Quando Ceci chega, logo começamos a falar em espanhol, o que atrai a atenção dos três atendentes - em especial o de Julia, chilena que mora em Curitiba há 23 anos. Conversa vai, conversa vem, contamos do nosso livro (coisa que fazemos sempre que vislumbramos um bípede que estabelece contato comunicativo conosco). Os três são apaixonados pelo que fazem. Convenceram-nos a colocar no livro a maior referência em se tratando de livraria da cidade.

Por incrível que pareça, a livraria vende pouco, apesar de não ter concorrência dentro dos mais de 10 quilômetros quadrados de excelência intelectual da instituição. Digo que não fico supreso, pois no curo se jornalismo são raros os que lêem jornais todo o dia. Lancei uma pergunta que ficou sem resposta: quem foi o último escritor puro a ter projeção nacional? Não vale bizarros saídas do circo da mídia (BBBs, ex-prostitutas, etc) ou mago canastrão. Os três tem somados mais de 50 anos de livros. Não souberam me responder. Citei Patrícia Mello, que responde a pergunta meio como um step.

Fui para aula. Minha mãe do céu, cada quarta-feira vem uma macaquice nova da professora de psicologia. Chamou cinco estudantes e fez uma sessão de hipnose coletiva. Criticou os sensacionalistas que fazem hipnose na televisão. Fez sensacionalismo acadêmico. Guilherme Blicharski, colega de sala, definiu bem: ela parece uma daquelas apresentadoras da Record. Segura a audiência, redunda, promete, grita, interage, gesticula, caminha de uma lado para o outro. Se ela não faz isso, capaz dos alunos reclamarem que ela é chata. Professor ou faz da aula um picadeiro ou é desempregado nas universidades particulares.

Então chega o grande momento dela explicar a prova da semana seguinte. Passa cinco capítulos de um livro de introdução à psicologia. Opa, apesar da queixa dos alunos, parece que haverá movimento na livraria de Julia e cia. A professora arrepende-se e pede quatro. Pede quatro e esclarece que o que ela não citou em aula, não vai cair.

Na próxima sessão de hipnose, vou me aproximar dos meus colegas em transe. Soprarei no ouvido deles "leia livros; compre-os na livraria que fica do lado das coxinhas".



ps: não deixe de acompanhar a entrevista do professor Key Imaguirre sobre o ensino parque de diversões.

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