Campanha: seja um personagem você também
Mês passado bolei uma pauta para a tv sobre os gastos de início de ano. IPVA, IPTU, volta às aulas, parcelas da viagem de férias, etc. Consegui facilmente marcar entrevista com um economista e o secretário de urbanismo da cidade. Tudo certo? É só mandar a equipe de reportagem? NÃO.
Faltava o personagem. Elemento bastante questionável, mas para o telejornalismo brasileiro indispensável. Tanto que chega ao ponto de derrubar matérias boas.
Em poucas palavras, o personagem serve como o exemplo da informação que a notícia dá. "Humaniza" a matéria, dizem os entendidos. Buscar personagens é o terror dos produtores. Incluindo eu.
Para a matéria acima, o personagem era bastante simples. Uma família, com filho(s) em idade escolar, que pagasse os dois tributos. Levei um dia e meio para conseguir isso. As razões para escapar são as mais diversas. Timidez, medo de se mostrar na televisão, etc.
No fundo, o motivador do declínio é o tal do "não ganho nada com isso, só tenho a perder". Raros se dão conta que a participação na matéria dá voz às reivindicações populares. Ou tem alguém aqui que acha que pagamos poucos impostos? Longe de acreditar que uma modesta matéria no Canal 21 vá mudar muito. Por mais que seja um pequeno grão de areia, o personagem pode ter certeza de que foi soprado para a direção certa.
"Você diz isso por nunca ser personagem, só fazer dos outros personagens para suas matérinhas espúrias", diz o badernoso leitor. Devagar, devagar. A campanha "seja um personagem você também" tem pujante conclusão no próximo post.
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