terça-feira, 22 de maio de 2007

Debates implícitos

No momento das edições, a gente começa a lembrar muitas coisas dos entrevistados. Declarações polêmicas, atitudes engraçadas, linguagens particulares, entre outras. Ante algumas perguntas, alguns entrevistados fogem pela tangente - atitude involuntaria na maioria dos casos. Se tivéssemos que fazer um Top 5 das edições mais complicadas, a artista plástica Didonet Thomaz estaria liderando o ranking. É difícil entender a moral do trabalho dela, e ainda pior, fazer-lo comprenssível para o leitor. Mas o desafio ainda não acabou, está começando e vai dar certo.

Ontem falei das interligações que se dão de forma natural entre os personagens. Hoje se deu novamente, mas de um jeito mais implícito. Na real, é uma relação para contrastar posturas ante um mesmo tema.

Didonet declarou que não gosta de expor. Sua justificação para não ter afã de querer ser conhecida foi a seguinte:

"Isso é um critério de valor. Tem gente que é alucinado por isso. Quer fazer escola de qualquer jeito. Isso é conseqüência. Eu não estou procurando isso não. Certamente eu conheço pessoas que tem uma pasta para mim. O Key Imaguirre tem uma pasta para mim na biblioteca. Eu quase cai para trás. São surpresas. Eu fui publicando, entrando em contato. Eu sou muito comunicativa. Mas não sou muito da mídia".

A menção do arquiteto não é o foco de interesse deste post. O interessante é contrastar com a postura do já mencionado Edílson Viriato, quem para a pergunta se gosta de aparecer na mídia respondeu:

"Não que eu goste, mas é parte do meu trabalho. Se eu não aparecer, meu trabalho não aparece. Claro se eu fosse diferente dentro da profissão de arte - um cantor ou ator -, a minha pessoa seria mais importante. Mas chegou um ponto que o meu trabalho sou também eu. Eu uso o meu próprio corpo para expressar o meu trabalho. Quando você mostra conceitualmente o que você é, você expõe o que a sociedade pensa, você automaticamente está dentro desse conceito e o que ela pensa".


Os personagens de Curitibocas - Diálogos Urbanos se relacionam e complementam. Apareceram vários tópicos onde as posturas são diametralmente opostas. Até parecem estar realizando um debate implícito, falando da suas opiniões e refutando argumentos falados em outras entrevistas. Nossa postura é sempre a mesma: a riqueza está na diferença e no contraste.

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